São Paulo, quarta-feira, 19 de julho de 1995
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Presidente da BM&F critica âncoras

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), Manoel Pires da Costa, afirmou ontem que a participação dos produtores rurais no combate à inflação provocou a transferência de 20% a 30% de receitas desse setor.
Costa chamou de ``ancôra verde" a influência da queda dos preços agrícolas no combate à inflação. Segundo ele, essa âncora está ``estafada" e ``estressada".
Os mesmos adjetivos foram usados em relação às âncoras cambial e monetária, que implicam o controle da inflação pela valorização do real frente ao dólar e pela limitação da quantidade de dinheiro em circulação.
O presidente da BM&F fez as afirmações em discurso proferido em São Paulo durante almoço oferecido ao presidente interino, Marco Maciel.
Costa criticou as altas taxas de juros e disse que os sucessivos déficits comerciais são uma ameaça a qualquer plano econômico.

Reformas
O presidente da BM&F defendeu a aprovação das reformas fiscal e previdenciária pelo Congresso Nacional.
Ele disse que ficou surpreso com declarações do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), no sentido de que essas propostas podem não ser aprovadas neste ano.
``Eu acho isso gravíssimo. Eu acho que isso pode se traduzir numa quebra até de credibilidade por parte da sociedade", afirmou.
Costa defendeu também a aceleração do processo de privatização. Em sua opinião, essa é uma ``necessidade urgente".
Depois do almoço, Maciel afirmou que o processo foi iniciado com a privatização da Ecelsa e que há 17 empresas estatais que serão privatizadas pelo governo.
Ele disse que a reforma tributária deverá ter uma ``importância maior" do que as outras propostas de mudança constitucional.
Segundo Maciel, os temas tributários devem ser votados antes do final do ano, para que possam surtir efeito já em 1996.
A Constituição estabelece que um imposto só pode ser cobrado no ano seguinte ao de sua criação.
Maciel disse que o presidente Fernando Henrique Cardoso fará uma reunião quando voltar de Portugal para discutir as prioridades do governo no segundo semestre. FHC chega ao Brasil no dia 23.
Maciel disse que não tem opinião formada sobre a proposta de federalização do ICMS e defendeu maior discussão sobre o tema.

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