São Paulo, quarta-feira, 19 de julho de 1995
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CPI pede quebra de sigilo bancário de presidentes de 5 distribuidoras

AZIZ FILHO
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Assembléia Legislativa do Rio que apura a sonegação fiscal no Estado, deputado Rubens Tavares (PP), disse ontem que vai pedir a quebra de sigilo bancário de presidentes das cinco maiores distribuidoras de combustíveis do país.
Tavares entrega amanhã ao governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), um relatório parcial da CPI, que estima fraudes de US$ 22 bilhões no comércio de combustíveis desde 1988. O documento já foi entregue ao presidente Fernando Henrique Cardoso.
A fraude seria facilitada pelo artigo 155 da Constituição, assunto central da reunião de cinco governadores e dois vices anteontem no palácio Laranjeiras (zona sul do Rio). Covas não foi convidado a participar do encontro.
O artigo 155 veda a cobrança de impostos estaduais sobre operações interestaduais de combustíveis e energia elétrica.
Segundo Tavares, que pretende entregar o relatório final a FHC em setembro, todas as grandes distribuidoras de combustíveis, da estatal BR às multinacionais, estão envolvidas na fraude.
Ele disse que vai pedir ao Banco Central a quebra do sigilo bancário dos presidentes da BR, Shell, Esso, Ipiranga/Atlantic, Texaco e Wal (da refinaria de Manguinhos, no Rio).
``Há sinais de enriquecimento ilícito de todos", afirmou.
Segundo Tavares, integrantes da CPI receberam propostas de propinas. Ele não citou nomes.
A principal modalidade da fraude seria a simulação da venda de combustível de um Estado para outro. A venda acaba sendo feita no Estado de origem do combustível, sem o pagamento do ICMS, o que dá um lucro adicional ao sonegador de cerca de 25%.
O diretor jurídico do Sindicom (Sindicato Nacional dos Distribuidores de Combustíveis), Paulo Kastrup, afirmou que a CPI não foi criada para investigar a vida dos executivos.
``Se quiser investigar sonegação, tem de ver nos livros fiscais das empresas, já fornecidos." Segundo Kastrup, o Sindicom é contrário ao dispositivo do artigo 155.
``Nós perdemos vendas com isso. Os concorrentes que sonegam vendem mais barato." Segundo ele, a fraude é praticada por transportadores e postos de gasolina.
O presidente da Fecombutíveis (Federação Nacional dos Revendedores de Combustíveis), que reúne transportadores e postos, Gil Siuffo, disse que as fraudes podem ser evitadas com a regulamentação do artigo 155, prometida há três meses pelo ministro do Planejamento, José Serra, e não cumprida.

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