São Paulo, quarta-feira, 19 de julho de 1995 |
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Ai, que saudade do Parreirão do coração!
BARBARA GANCIA
Inevitável traçar comparações entre Carlos Alberto Parreira e o atual técnico da seleção. Parreira tinha esquema tático e os jogadores cumpriam à risca suas determinações -a despeito da mídia ignara. Zagallo (agora com esse risível ``ele" a mais) pode ter tudo, menos um esquema lógico. No jogo contra a Argentina, o que se via era um bando de rapazes voluntariosos -destaque para os puídos Leonardo, Dunga e Jorginho- correndo feito baratas tontas atrás da bola. Com Parreira, nenhum jogador foi ajudado pela mão ou braço de Deus para conquistar o tetra. Com Parreira, a seleção ia para o jogo e ninguém esperava jogadas mirabolantes. Idem com Zagallo, só que há uma diferença: quando a seleção foi ao desempate por pênaltis na final contra a Itália, a técnica era indiscutível. Parreira os colocou para bater pênaltis como um campeão de xadrez se posiciona antes do xeque-mate, tudo pensado, medido. Digo mais: Parreira é o Bobby Fischer do gramado. Você viu, ó leitor iludido, a garra do técnico Passarella? Sem gorrinho, só de capa de chuva, quase foi lá segurar as bolas que nossos birrentos meninos tentavam inutilmente jogar contra a muralha da defesa argentina. Enquanto isso, Zagallo, de gorrinho, cachecol, narigão roxo, rouco, olhos fixos, esperava a sorte com pinta de ``homeless" nova-iorquino. Com Parreira, não se falava nos ventos imponderáveis da sorte, no poder sobrenatural do 13, na mudança de nome inspirada em mandingas numerológicas. Falava-se em lances científicos, em pla-ne-ja-men-to. Com Zagallo, fica o Brasil inteiro pendurado na figa esperando que a abundância de frangos de Taffarel não resulte em anticlímax. Volta, Parreirão do meu coração! Texto Anterior: PF vê ``maracutaia" em importação Próximo Texto: Entretenimento; Número 1; Força à periferia Índice |
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