São Paulo, quarta-feira, 19 de julho de 1995
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Uma sugestão

THALES DE MENEZES

Fernando Meligeni merece toda a festa por seu primeiro título internacional. Só ele sabe como é difícil entrar no seleto clube dos ganhadores do circuito da ATP.
O grande dilema do tênis nacional, no entanto, é criar mecanismos para que conquistas como a de Meligeni deixem de ser momentos isolados provocados pelo mérito individual dos atletas.
Existe um método que deu certo em um país muito diferente do Brasil, mas não custaria muito adaptá-lo às condições locais. É o programa de treinamento adotado na Suécia desde os anos 70.
Primeiro, um técnico de competência comprovada é escolhido. Ele faz uma seleção entre os principais juvenis do país.
Daí, forma-se uma equipe de uns 15 ou 20 garotos. Eles recebem toda a ajuda necessária na preparação física e técnica. O grupo viaja a outros países para participar dos torneios mais importantes do circuito juvenil.
Depois de certo tempo, o treinador escolhe os quatro ou cinco jogadores que mais se destacam e cria uma espécie de grupo de elite. Os outros garotos continuam o mesmo trabalho, mas agora orientados por um assistente técnico.
Para o grupo ``avançado", o técnico começa novo tipo de orientação. Os jovens passam, então, a disputar as chaves qualificatórias de torneios profissionais.
Trabalhando em grupo, sentem menos a barra pesada que é tentar uma vaguinha no circuito profissional. Um ajuda o outro a absorver as derrotas, comuns nessa fase.
Do primeiro grupo desses feitos na Suécia, despontou o gênio loiro Bjorn Borg, apenas o maior tenista europeu de todos os tempos. Alguns críticos foram logo dizendo que seu sucesso não comprovava a eficácia da política de treinamento dos juvenis. Para eles, Borg poderia ser mais um fenômeno isolado.
Mas a segunda geração calou a boca de seus detratores. Apareceram Anders Jarrid e mais dois jogadores que atingiriam o número 1 do ranking mundial: Mats Wilander e Stefan Edberg.
A safra mais recente pode não ser tão brilhante, mas colocou no circuito feras como Magnus Larsson e os grandes duplistas Jan Apell e Jonas Bjorkman.
Fazer isso não seria tão difícil.
Técnicos? É só escolher: Kirmayr, Paulo Cleto, Marcelo Meyer, Ivan Kley... Enfim, um monte de gente competente. Grana? Ora, manter um programa assim por um ano custa menos que organizar um torneio profissional de cinco dias.
Só falta vontade.

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