São Paulo, quarta-feira, 19 de julho de 1995
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Mulheres criam espaço na rede

MARINA MORAES
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

Se você anda atrás de um homem de classe média alta a caminho da meia-idade, as melhores chances de encontrá-lo estão na Internet. O problema é que ele provavelmente estará tão ocupado com o computador que não vai ter tempo para dar atenção a você, a não ser pelo correio eletrônico.
Definir o perfil do usuário tem sido um desafio para os estudiosos da Internet. Como não existe controle central da gigantesca teia de computadores, todas as estatísticas sobre a rede são parciais e com grande margem de erro.
Ninguém sabe quantas pessoas no mundo todo têm acesso à Internet. As estimativas variam de 5 milhões a 20 milhões de usuários.
Um dos maiores estudos para descobrir que tipo de gente passa as noites conectada na rede foi completado recentemente pelo Instituto de Tecnologia da Geórgia. O formulário foi colocado na Internet e recebeu 13 mil respostas.
O objetivo era identificar o perfil dos frequentadores da World Wide Web e os resultados confirmaram que a Internet é mesmo a vingança dos nerds.
Idade média do usuário, 35 anos. A renda mensal é de US$ 5.700, 82% são homens e 45% passam mais de uma hora por dia ligados na Internet.
A pesquisa descobriu que 20% dos entrevistados têm pelo menos três computadores em casa.
Registrou, também, o espetacular crescimento da rede: 31% dos usuários frequentam a Internet há menos de seis meses, 29% têm de um a três anos de experiência e 23% são considerados os veteranos do ciberespaço.
O resultado abriu um debate sobre as razões e as consequências desse Clube do Bolinha eletrônico. Há quem diga que ele é apenas reflexo da sociedade em geral, onde as mulheres trabalham em funções onde o computador só substituiu a máquina de escrever.
No outro extremo, há gente que acha que as mulheres têm rejeição genética pela tecnologia e jamais iriam trocar uma fofoca com a comadre pela Internet.
A previsão é que, se essa diferença continuar, as mulheres jamais deixarão de ser cidadãs de segunda classe em um mundo dominado pela tecnologia.
Em pé de guerra, algumas feministas prometem combater a linguagem machista e agressiva da comunicação on line, motivo que afasta muitas mulheres da Internet.
O fenômeno abre espaço para o surgimento de heroínas como a Cybergirl, nome de guerra que a nova-iorquina Aliza Sherman assumiu na Internet (http://www, interport.net/asherman/). Ela se propõe a ser uma guia para o debate de questões femininas, de violência doméstica a câncer no seio.
A proposta de Sherman e de outras mulheres pioneiras do ciberespaço é combater o domínio masculino, criando clubes da Luluzinha, onde os meninos só entram pedindo licença.

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