São Paulo, quarta-feira, 19 de julho de 1995
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Confirmadas 413 mortes por calor nos EUA

DANIELA FALCÃO
DE NOVA YORK

Subiu para 413 o número de mortes oficiais causadas pela onda de calor que atingiu os EUA.
Autoridades norte-americanas haviam estimado que o número de vítimas chegaria a 500. Mas, ontem, já se falava em 900 óbitos.
Desde o verão de 1980, quando morreram 1.500 pessoas, o país não registrava tantas mortes por causa das altas temperaturas.
A onda de calor atingiu os Estados da Costa Leste e da região central dos EUA entre quinta e domingo, tornando o verão de 95 um dos mais quentes da história.
A temperatura mais alta foi registrada sábado em Omaha (Nebraska), 43oC, seguida por Chicago (Illinois) e Poughkeepsie (Nova York), com 41,1oC.
Segundo meteorologistas da Universidade Estadual da Pensilvânia, o calor foi provocado por uma inversão térmica.
Massas de ar quente formaram um ``tampão" sobre a atmosfera dos EUA, impedindo a dissipação do calor. É como se o país estivesse numa panela de pressão.
Para o secretário de Saúde de Chicago, Edmund Donoghue, o desconforto do calor foi ainda maior por causa da umidade. ``A sensação é de que estamos em plena floresta tropical. Só que, em vez de árvores, temos prédios".
Entre os 22 Estados que registraram mortes por causa do calor, Illinois foi o mais afetado, com 214 óbitos.
Em Chicago, 179 pessoas morreram. Mais de 400 corpos estão no instituto médico-legal, em casas funerárias e caminhões frigoríferos para serem examinados.
Segundo o departamento de Saúde, 65% dos corpos não-examinados devem ter tido como causa mortis o calor. Se a previsão for confirmada, o número de vítimas na cidade subiria para 472.
Para Christopher Morris, porta-voz do departamento de Saúde, a maioria das mortes foi causada por hipertermia (quando o corpo atinge temperaturas acima de 45oC) ou desidratação.
Segundo ele, 90% das vítimas tinham mais de 55 anos e viviam sozinhas em apartamentos em áreas pobres, sem ar-condicionado, nem ventilador.
O geriatra Barry McCray, do centro médico da Universidade de Loyola, em Chicago, afirmou que os idosos são mais suscetíveis ao calor porque têm saúde frágil.
``O mecanismo de regulação da temperatura nos idosos não funciona 100% e eles resistem menos a mudanças bruscas", disse.
Segundo McCray, a desidratação matou sobretudo pacientes que sofriam de hipertensão. ``Eles usavam diuréticos e, por isso, se desidrataram mais rápido."
Ontem, a massa de ar quente se deslocou para o noroeste do país. Em Oregon, os termômetros chegaram a 38oC. Na Costa Leste, a temperatura máxima foi de 34oC.
A previsão para o fim-de-semana é de nova onda de calor em todo o país. Mas, segundo a meteorologia, os recordes da semana passada não devem ser batidos.

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