São Paulo, segunda-feira, 24 de julho de 1995
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Uso violento do taco é importado dos EUA

RONALDO SOARES
DA REPORTAGEM LOCAL

O uso do taco de beisebol como arma é um fenômeno ``importado da cultura americana".
A afirmação é do psicólogo Adalberto Boletta de Oliveira, 42, para quem a transformação do taco em arma tem sido estimulada no Brasil pelos filmes sobre gangues norte-americanas.
Segundo o psicólogo, a violência entre jovens e adolescentes, que antes se caracterizava pelo ``embate físico, corpo-a-corpo", foi sendo substituída por ``agressões que usam cada vez mais armas".
Para ele, a argumentação mais comum entre os usuários do taco ou outras armas -defesa pessoal- é um sintoma do espírito de ``atacar para se defender", das grandes cidades.
``O comportamento do adolescente tende a refletir a cultura em que ele vive. Na nossa, cada vez mais a violência vem sendo praticada em nome da defesa e da segurança", diz Oliveira.
Há cerca de dez anos, quando trabalhava na Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor), Oliveira notou que houve um aumento do número de adolescentes infratores oriundos das classes média e média/alta.
``Nestes casos, trata-se de conduta anti-social associada à delinquência, e não à sobrevivência. Muitas vezes, o comportamento desses jovens de classe média estava ligado também ao consumo de drogas``, diz o psicólogo.
Oliveira se diz ``preocupado" com o ``aumento do número de armas entre os jovens".
``Os adolescentes têm um comportamento impulsivo. São intolerantes. O problema é que cada vez mais eles querem ter armas. E quem tem, um dia usa".
M.S. lembra um caso que se encaixa perfeitamente na descrição do psicólogo.
Ele diz que estava dirigindo e um motorista bateu na traseira de seu carro. Depois de discutir e de ser ``ameaçado", M. destruiu parcialmente o veículo de seu ``oponente" usando o que tinha na mão: uma barra de ferro.
``Eu não ia fazer nada, mas o cara já veio com uma barra de ferro para cima de mim. Aí tomei a barra da mão dele, que tentou fugir, mas ficou preso no engarrafamento. Como eu estava meio fora de controle, fui lá e dei umas pancadas na camionete dele, no farol, no capô, no porta-malas...".

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