São Paulo, segunda-feira, 24 de julho de 1995 |
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Jerry de `Terror' é vanguarda
INÁCIO ARAUJO
Ou, quem mais seria possível imaginar na seguinte situação: um rapaz tem uma decepção amorosa e adquire verdadeiro horror às mulheres. Mas, quando parte em busca de emprego, acaba conseguindo numa pensão só para moças. E não quaisquer moças. São belas e alegres candidatas a atriz, das quais Jerry será o servente. Se isso é motivo para uma série de gags de primeira, o "Terror" se afirma sobretudo como filme reflexivo. Por que não poderia ser? O trauma amoroso não é necessariamente assunto para gênios tipo Ingmar Bergman, o sueco. E, vamos convir, Jerry não passaria vergonha frente a Bergman, ou qualquer outro, graças a um invento notável: o cenário teatral que introduz no filme e que, numa tacada, revela o que acontece em uma série de cômodos na pensão (o achado foi reaproveitado recentemente, de resto, pelo argentino Alejandro Agresti). Se, com frequência, Jerry desdobra seus personagens, desta vez empenha-se em desdobrar os espaços. É como se, ao fazê-lo, tornasse as garotas -essas viscerais inimigas- mais tentaculares, mais onipresentes. Fazendo assim, Jerry trabalha o amor (mesmo que negativo) como princípio, a simultaneidade por base e a desordem por fim. É um filme de humor, um filme acessível a qualquer público e, também, um filme que mostra bem como Jerry estava, naquele momento, na vanguarda do cinema norte-americano. (IA) Texto Anterior: `Roda Viva' reprisa Toscani Próximo Texto: Uau, uau, uau, todo homem é animal Índice |
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