São Paulo, quinta-feira, 27 de julho de 1995
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Pelo mundo afora

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

E Fernando Henrique ``faz mais uma viagem", como citou com certa contrariedade, como as demais, a Rede Brasil, que é do próprio governo FHC.
Desta vez, além do peruano que não gosta de Congresso, Fernando Henrique encontra os presidentes da Bolívia e do Uruguai. O último, aliás, pega carona com o brasileiro.
É o Fernando Henrique já conhecido, em campanha agora pelo mundo, por uma cadeira no Conselho de Segurança.
``Desta vez", pelo menos, não usa a viagem para escapar de algum protesto. Antes do embarque, segundo a Globo, ``os sem-terra vão entregar ao presidente o pedido de rapidez na reforma agrária".
Vão entregar, mas não devem ter, assim, aquela atenção toda. A prioridade do presidente, no momento, não é o Brasil.
Oposição
O presidente tanto pediu oposição que o ainda tucano Ciro Gomes, hoje discípulo do brizolista Mangabeira Unger, aceitou o personagem.
Em enésima entrevista ao Onze e Meia, ele insinuou-se presidenciável pela enésima vez. E, bom discípulo, atacou Fernando Henrique:
- Eu tenho certeza que o presidente Fernando Henrique compreende com sensibilidade os problemas. Agora, não adianta um presidente de boa fé, com boas intenções, se não houver um projeto. Como não há projeto nacional, nós agimos ao sabor do varejo.
Projeto nacional que viria, talvez, com outro presidente. Mas este ao menos acabou com a inflação: nada disso:
- Nós estamos na ressaca da inflação selvagem de 40% ao mês, então achamos ótimo, mas 35% ao ano não fica assim. Primeiro, ela é insuportável. Segundo, não fica assim.
/intartLágrima
A cena é famosa, do cinema. Um entrevistado conta a sua história, muito triste:
- Eu não quero mais ser o pai que chegava em casa, pedia um abraço da filha, ela via que eu estava mal e tinha medo de mim, saía de perto. Agora, não. Quando vem aqui me visitar, dá para sentir o carinho, um abraço. É muito bom sentir o amor do filho, sem nada para atrapalhar, álcool, droga. É triste lembrar disso.
Silêncio, a câmera fixa no repórter, que chora.
Foi na Cultura, ontem.

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