São Paulo, domingo, 30 de julho de 1995
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`Já foi pior', diz mensageiro

CYNARA MENEZES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Encostado à porta de entrada do hotel Torre Palace na última sexta-feira, o mensageiro José de Sousa, 25, era o retrato do abandono da capital.
``Esta semana foi tão parada que o único trabalho que eu tive foi bater o ponto na entrada e na saída."
Se para os proprietários isso é ruim, para o mensageiro é ainda pior: fora do recesso, ele consegue quadruplicar seu salário com gorjetas de hóspedes como o ministro da Saúde, Adib Jatene. ``Ave-Maria se não fossem as gorjetas", diz.
Sousa ganha em torno de R$ 160 fixos do hotel, um dos quatro estrelas antigos da capital, para carregar bagagens e levar encomendas. Já com gorjetas fatura muito mais. ``Chego a receber R$ 40 por dia", conta.
Com o recesso, Sousa, casado, um filho, morador da cidade-satélite de Ceilândia, teve que sobreviver só com o salário fixo e com as pequenas gorjetas recebidas dos turistas eventuais.
Não que os políticos sejam mais generosos nas doações. ``Eu ganho R$ 1, no máximo R$ 5 em cada gorjeta. Em dois anos aqui nunca recebi R$ 10 ou R$ 50".
Apesar da queda no movimento, Sousa acha que Brasília já não está tão vazia durante o recesso quanto nos últimos anos. O mês de julho do ano passado, segundo ele, ``foi pior". (CM)

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