São Paulo, domingo, 30 de julho de 1995
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Namoro é regra em intercâmbio

Monitores ajudam na comunicação

PATRICIA DECIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Um programa de intercâmbio em que namoros são praticamente regra é o acampamento do Cisv (Children International Summer Village), entidade filantrópica com sede em Londres e com comitês de participantes em todo o mundo.
Nesses acampamentos, as crianças e os adolescentes de vários países ficam cerca de um mês em fazendas ou clubes com monitores e organizadores.
Foi pelo Cisv, no México, que a estudante Luiza Figueiredo Paliari, 13, conheceu o jamaicano Darryl, 13, seu primeiro namorado. ``A gente jogava futebol juntos e se beijava nas reuniões de namorados. Ele era um dos mais assanhados. Eu tinha que dar uma controlada, porque, você sabe, menino é fogo", conta ela.
Segundo ela, a comunicação era feita com a ajuda dos monitores e dos amigos. Ele falava inglês. Ela, português. ``Mas a gente não precisava de muitas palavras." No dia em que Darryl foi embora, Luiza conta que chorou muito. ``Queria levá-lo ao aeroporto, mas perdi a hora. Ele embarcou às 4h e eu acordei às 7h."
Gastão Guedes, 30, que organizou um acampamento para crianças de 11 anos em Itu (SP), também teve um amor de férias pelo Cisv, com uma monitora italiana, em julho de 94.
``Rolava uma paquera forte, mas, como eu não falava inglês, me aproximava dela tocando violão", conta. A conversa dos dois misturava línguas: italiano, inglês, espanhol e português. ``Ela achava o português romântico", afirma. Por isso, conversas que demorariam 30 minutos levavam três horas.
Segundo Guedes, ela relutou muito em ficar com ele. ``Tinha um namorado fixo esperando na Itália." Mesmo assim, os beijos foram inevitáveis durante as reuniões de monitores e organizadores, que aconteciam depois que as crianças iam dormir. Guedes conta que se sentia ``embaraçado" por não falar inglês. ``As crianças me perguntavam coisas, eu não entendia, e ela vinha responder no meu lugar. Isso me incomodava profundamente."

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