São Paulo, domingo, 30 de julho de 1995
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Para Palmeiras, um empate viria a calhar

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Não dá para avaliar a extensão dos estragos causados pela goleada sofrida na quarta-feira, diante do Grêmio. Isso porque o Palmeiras acalentava o sonho de desembarcar em Tóquio, via Libertadores, e o único caminho que o Grêmio lhe ofereceu foi o da cova rasa dos suicidas.
Sim, porque o Palmeiras, no Olímpico, praticou o mais puro haraquiri, revelando -jogadores e técnico- uma surpreendente falta de senso da realidade. Perdendo por 2 a 0, já sem dois jogadores, o mais ajuizado seria recrutar todos os Tonhões disponíveis no banco para resistir ao cerco gremista.
Incapaz de manter viva a chama da esperança na Libertadores, é bem possível que o Palmeiras queira descontar tudo sobre seu histórico rival, no Campeonato Paulista. Mesmo porque ganhar títulos em cima do Corinthians já estava virando uma rotina para o Palmeiras. E é nesse fogo que o Palmeiras pode arder como uma bruxa de Salém. Se, por exemplo, Antônio Carlos ou Roberto Carlos, jogadores de brio às vezes excessivo, quiserem resolver logo essa questão, correrá o Palmeiras o risco de levar um contravapor pela proa e, aí sim, naufragar de vez.
Afinal, o Corinthians, ainda mais do que o Grêmio, é um time bem arrumado, estofado de moral, armazenado pela conquista da Copa do Brasil em cima do mesmo verdugo do Palmeiras, o tricolor gaúcho, e com uma pitada aqui, outra ali, de talentos superiores. Isso, sem contar com a força esotérica da Fiel.
Time por time, cotejando-se jogador por jogador, o Palmeiras é muito superior ao Corinthians. Mas, mesmo nesse campo, vale lembrar a seleção escolhida outra dia não pela Folha, mas pelos números do Datafolha, na qual é maciça a presença corintiana. Até mesmo Elivélton, um reserva de luxo do Corinthians, ganhou o posto de titular.
Pode-se argumentar que, em futebol, os números são relativos. Mas, na pior das hipóteses, eles revelam o ajuste do conjunto que permite a sobressalência das individualidades. Independente disso, há no Parque São Jorge um significativo grupo de jogadores de alta linhagem, como Ronaldo, Célio Silva, Henrique, Zé Elias, Marcelinho e Viola.
Resumindo: para o Palmeiras, nas atuais circunstâncias, até um empatezinho sem gols viria bem a calhar, pois lhe daria tempo de cicatrizar as cinco chagas do Olímpico, retomar o controle dos nervos e encarar o Corinthians, na verdadeira decisão, em condições de impor sua técnica mais esmerada.
O mesmo pode-se dizer com relação ao Corinthians, se considerarmos que é sempre um risco enfrentar de peito aberto um leão ferido. Mas, se puder matá-lo com um tiro certeiro, será ainda mais seguro.

Surpreso, reencontro na lista de Zagallo, para os amistosos na Ásia, o nome de Jorginho. Zagallo, olha o tempo correndo! Já passou da hora de arranjarmos um substituto para aquele que foi um dos maiores laterais de nosso história. Foi.

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