São Paulo, segunda-feira, 31 de julho de 1995
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Atriz é ícone da brasilidade

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

"Carmen Miranda - Bananas Is My Business" é o que se pode chamar de filme oportuno. É secundário o fato de chegar no momento de uma pequena efeméride (os 40 anos da morte da cantora e atriz brasileira). Ou de vir acompanhado do lançamento em vídeo de "Copacabana", de Alfred E. Green (1947), pela Reserva Especial (tel.:011/604-6444).
A imagem de Carmen Miranda está longe de ser algo resolvido para os brasileiros. É a "pequena notável", a cantora de maior prestígio de uma era de ouro da MPB. É também uma das raras estrelas brasileiras de cinema com prestígio realmente internacional.
Mas é, ao mesmo tempo, a cesta de frutas na cabeça, os balangandãs: tudo isso representa uma imensa vitalidade, sensualidade e alegria avassaladoras. É, ao mesmo tempo, signo de um atraso que percebemos quase como um destino.
A mesma imagem que projeta o Brasil internacionalmente (levando o que temos de melhor, a música), desmonta a pretensão -tão brasileira- a sermos cidadãos metropolitanos (europeus ou, pior, de Miami).
Esse o "mistério Carmen Miranda" a que alude o documentário de Helena Solberg e David Meyer. Um mistério que cai como uma luva nesse momento em que, terminado o tempo dos governos militares, o Brasil volta a se interessar intensamente por sua história.
"Carmen Miranda" por vezes perde o fio da meada, tentando dar conta, ao mesmo tempo, do sentido cultural da cantora e de sua acidentada vida pessoal. Mas consegue botar na roda esse ícone precioso, contraditório e em parte angustiante da nacionalidade.
(IA)

Filme: Carmen Miranda - Bananas Is My Business
Produção: EUA, Brasil, Inglaterra, Portugal, 1995
Direção: Helena Solberg
Onde: pré-estréia hoje às 21h30; lançamento programado para 4 de agosto no Espaço Banco Nacional de Cinema

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