São Paulo, quarta-feira, 2 de agosto de 1995
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Leia a íntegra do programa "Palavra do Presidente", exclusivo para o rádio:

``Passados seis meses de governo, eu quero anunciar os primeiros resultados positivos dos esforços que nós estamos realizando para combater uma triste realidade brasileira: a mortalidade infantil.
E quero começar falando do município de Jaramataia, que fica lá no interior do Estado de Alagoas. Até o ano passado, 333 crianças, de cada mil que nasciam, morriam antes de completar um ano de idade. De janeiro para cá, esse número caiu para três. Vou repetir, é isso mesmo, caiu para 3 crianças em cada mil. Graças aos agentes comunitários de saúde.
Eu já falei sobre eles aqui no rádio. São aquelas pessoas da comunidade que estão trabalhando junto com os médicos e enfermeiras, enfim, com os dedicados profissionais de saúde.
Os agentes recebem um treinamento e, depois, orientam e acompanham a saúde da população. Hoje, nós temos 30 mil agentes de saúde no Brasil. E a nossa meta é chegar aos 50 mil. Um verdadeiro exército em defesa da vida. O agente de saúde é fundamental para o sucesso do Programa de Redução da Mortalidade Infantil, que o Ministério da Saúde vem desenvolvendo desde abril.
Com esse programa, o governo está, pela primeira vez, dirigindo todas as ações para os municípios mais pobres do país, justamente onde morrem mais crianças.
Ao começar o trabalho, o Programa Comunidade Solidária e o Ministério da Saúde escolheram 500 municípios. Todos os Estados já conhecem o programa e o Ministério da Saúde vem fazendo reuniões regionais para esclarecer dúvidas e ajudar na implantação do programa.
Amanhã (hoje), começa mais uma reunião em Porto Velho, Rondônia, com os secretários de Saúde e técnicos dos Estados da região Norte.
O ministro da Saúde, Adib Jatene, vai estar lá na sexta-feira para encerrar o encontro e incentivar a participação de todos os Estados e municípios do Programa de Redução da Mortalidade Infantil.
E como é que nós vamos, até o final do governo, reduzir pela metade o número de crianças que morrem antes de completar um ano de idade?
Vamos fazer isso com uma política muito bem definida. Cuidando da saúde da criança, mesmo antes de ela nascer. Cuidando da saúde da mãe. Vamos fazer a prevenção, vacinando todas as crianças. Vamos reduzir a mortalidade infantil, levando a rede de água e de esgoto até a casa dos brasileiros pobres.
Há pouco, eu falei da importância do agente de saúde. Sabe por que ele é importante? Porque ele é o elo de ligação da comunidade com o serviço de saúde. Nesse trabalho de combate à mortalidade infantil, eles podem ajudar muito. Vejam só, a diarréia e as infecções respiratórias são as duas principais causas de morte de crianças com menos de um ano, na maior parte do país.
Sabe qual é o melhor remédio? A melhor proteção? É o leite da mãe. É aí que entra o agente de saúde para orientar e incentivar as mães a amamentarem os filhos.
Quem vai explicar isso melhor é a dra. Elvira de Menezes, que é coordenadora nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno, do Ministério da Saúde, que eu convidei para participar do programa comigo hoje.
Dra. Elvira - Presidente, não existe nenhum leite que possa substituir o leite da mãe na proteção da saúde da criança. O leite materno previne infecções, evita desnutrição, salva vidas. É uma verdadeira vacina. Uma vacina que não precisa de conservação, é de graça e tem calor humano.
Infelizmente, o número de mães que amamentam os filhos até os seis meses é mínimo. Em parte isso acontece por falta de informação das mães e de incentivo dos profissionais de saúde.
Ano passado foi feita uma pesquisa em Santos, em São Paulo, e o resultado foi o seguinte: 31% das mães alegaram que não amamentavam os filhos porque o leite delas era fraco. Não existe leite fraco. A gente sabe, muitas vezes, que a mãe está mal alimentada e fica sem saber o que fazer. Nesse caso, ela deve usar o pouco dinheiro que tem para se alimentar e, depois, amamentar o filho.
Eu sou médica pediatra. Tenho três filhos e amamentei os três. O mais saudável, até hoje, é o que mamou mais. O lado materno realmente é um verdadeiro remédio.
País desenvolvido como a Suécia faz muitas pesquisas e campanhas. Lá existem 22 hospitais chamados `Amigos da Criança'. Felizmente aqui no Brasil já temos 19. Sete deles foram credenciados no governo Fernando Henrique e mais 200 hospitais estão se preparando.
O Hospital Amigo da Criança tem como prioridade o incentivo ao aleitamento materno. Todos os profissionais são treinados para incentivar e orientar as mães. Do porteiro do hospital até o médico.
O Ministério da Saúde paga 10% a mais a esses hospitais para assistência ao parto. Hoje, por sinal, estamos credenciando mais um. É o Hospital Regional Leônidas Melo, na cidade de Barras, no interior do Piauí.
Nos últimos seis meses, caiu muito o número de internações de casos de diarréia e de desnutrição no município, por causa do incentivo ao aleitamento materno. E o hospital de Barras já está ajudando cidades vizinhas, como Nossa Senhora dos Remédios, a mais pobre do país.
Além de todas as vantagens para a criança, a amamentação também é boa para a saúde geral da mulher.
Por tudo isso, temos que incentivar cada vez mais as mães a amamentarem exclusivamente os filhos até os seis meses. E complementar com outros alimentos até, se possível, os dois anos.
Presidente - E por falar em amamentação até os seis meses, eu quero lembrar aos prefeitos que, para que seus municípios possam participar do Programa de Distribuição de Leite do Governo, têm que desenvolver programa de incentivo ao aleitamento materno. Esse leite o governo federal distribui para crianças com mais de seis meses de idade.
Vamos aproveitar a semana mundial de aleitamento materno, que começa hoje, para espalhar essa idéia. A amamentação é um ato de proteção e de amor. Uma verdadeira vacina, como explicou a dra. Elvira. Mas, atenção, não basta amamentar. Seu filho também precisa ser vacinado. No dia 19 deste mês, estaremos realizando mais uma campanha nacional de multivacinação. Leve seu filho ao posto de saúde. A vacina não custa nada e garante a saúde do seu filho."

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