São Paulo, quarta-feira, 2 de agosto de 1995
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BC compra dólares e vende títulos

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Bolsas largadas (em queda e com volume pequeno), juros altos e dólares entrando no país. Este foi o cenário de ontem do mercado financeiro.
O Banco Central (BC) interveio por duas vezes no mercado do dólar comercial (exportações e importações). Comprou a R$ 0,935.
No mercado do dólar-turismo, o BC não interveio. A cotação caiu 0,43%, influenciando o preço do dólar no mercado paralelo.
Segundo os analistas de mercado, ontem entraram no país aproximadamente US$ 200 milhões.
Na véspera, o governo sancionou um cenário favorável ao chamado capital estrangeiro especulativo de curto prazo. Ele vendeu títulos cambiais pagando juros ao ano de 23%.
O mercado entendeu o recado: nos próximos seis meses, o câmbio sobe abaixo da variação das taxas de juros. Tanto que, além da continuidade dos ingressos, o dólar caiu nos mercados futuros.
O BC compra dólares, injetando reais na economia. Depois, para ``enxugar" o excesso de reais emitidos, o BC vende títulos.
Ontem, o BC vendeu dois lotes de BBCs (Bônus do Banco Central), somando aproximadamente R$ 5 bilhões. Os títulos de 35 dias pagaram uma taxa-over de 4,494% e os de 56 dias, 5,055%.
Na prática, o BC faz dois dos quatro preços essenciais da economia: juros e câmbio.
Mas é evidente que esta política, que já foi vista, no passado, como uma armadilha (de comprar dólares e vender títulos), não é sustentável por um período prolongado de tempo.
O BC pode desarmá-la ou baixando os juros ou subindo o câmbio. Optou pelo primeiro caminho. Mas vai andar bem devagar.
É que o governo teme que R$ 198 bilhões (total dos recursos aplicados no mercado financeiro, mais os recursos que estão nos caixas dos bancos e nos bolsos) respondam à queda dos juros indo para o consumo.

JUROS
Curto prazo
Os cinco maiores fundões renderam, em média, 0,136%. Segundo o mercado, a taxa do over ficou, em média, em 5,0% para dias úteis, projetando rendimento de 3,9% no mês. No mercado de Certificados de Depósito Interbancário (CDIs), as taxas de juros ficaram, em média, a 5,0% ao mês.

As cadernetas que vencem no dia 2 de agosto rendem 3,6507%. CDBs prefixados de 30 dias negociados ontem: entre 32% e 54,40% ao ano. CDBs pós-fixados para 122 dias entre 16% e 17% ao ano mais TR.

Empréstimos
Empréstimos por um dia (``hot money") contratados ontem: a taxa variou de 5,10% a 6,75% ao mês. Para 30 dias (capital de giro): entre 55,6% e 118% ao ano.

No exterior
Prime rate: 8,75% ao ano. Libor: 5,81% ao ano.

AÇÕES
Bolsas
São Paulo: baixa de 0,17%, fechando com 38.708 pontos e volume financeiro de R$ 194,8 milhões. Rio: queda de 0,3%, encerrando a 17.780 pontos e movimentando R$ 16,3 milhões.

Bolsas no exterior
O índice Dow Jones da Bolsa de Nova York fechou com 4.700,37 pontos. Em Tóquio, o índice Nikkei fechou com 16.358,57 pontos.

DÓLAR E OURO
Dólar comercial (exportações e importações): R$ 0,9350 (compra) e R$ 0,9351 (venda). Segundo o Banco Central, no dia anterior, o dólar comercial foi negociado, em média, por R$ 0,934 (compra) e por R$ 0,936 (venda). ``Black": R$ 0,915 (compra) e R$ 0,920 (venda). ``Black" cabo: R$ 0,920 (compra) e R$ 0,925 (venda). Dólar-turismo: R$ 0,910 (compra) e R$ 0,935 (venda), segundo o Banco do Brasil.
Ouro: baixa de 0,09%, fechando a R$ 11,32 o grama na BM&F.
Câmbio contratado
O saldo de fechamento de câmbio comercial (exportação menos importação) acumulado no mês de julho foi positivo em US$ 1,872 bilhão. As entradas financeiras foram maiores que as saídas de dólares em US$ 2,096 bilhões. O saldo total está positivo em US$ 3,969 bilhões.

No exterior
Segundo a ``UPI", em Londres, a libra foi cotada a 1,5987 dólar. Em Frankfurt, o dólar foi cotado a 1,3803 marco alemão. Em Tóquio, o dólar foi cotado a 88,25 ienes.

FUTUROS
No mercado de DI (Depósito Interfinanceiro) da BM&F, a projeção de juros para agosto fechou a 3,87% no mês e para setembro a 3,61% no mês. No mercado futuro do índice Bovespa, a cotação para agosto ficou a 39.200 pontos. No mercado futuro de dólar, a moeda norte-americana para agosto fechou a R$ 0,950 e a R$ 0,962 para setembro.

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