São Paulo, quarta-feira, 2 de agosto de 1995
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Furacão atravessa a Flórida hoje

EDIANA BALLERONI
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE MIAMI

O furacão Erin deve atravessar a Flórida (sul dos Estados Unidos) hoje. É o pior furacão a atingir a região desde a passagem do Andrew, há três anos.
O governo declarou situação de emergência no sul do Estado. Enormes enchentes estão sendo esperadas. O solo e o sistema de esgoto provavelmente não terão como absorver a tempestade que o Erin está trazendo.
"As enchentes serão inevitáveis, e constituirão o maior problema, disse ontem Kate Hale, diretora do Centro de Operações de Emergência de Miami.
Alarmes foram emitidos, desde as ilhas Key até Daytona Beach, para a adoção de providências contra tornados, grandes cones invertidos de vento girando em alta velocidade. Os meteorologistas afirmam que o Erin poderá provocar entre um e quatro tornados.
Na escala Saffir-Simpson, que mede a intensidade dos furacões, o Erin está classificado na categoria 1, podendo chegar a 2 (leia texto à pág. seguinte).
Os estragos que o Erin deverá causar, portanto, comparado à devastação provocada pelo Andrew, são pequenos: árvores arrancadas, danos a automóveis, janelas e, talvez, portas e tetos danificados.
Às 16h de ontem (17h em Brasília), o Erin havia atingido quase 140 km/h e ia em direção à Flórida a uma velocidade de 22,5 km/h.
O Erin mudou de direção durante a madrugada e o dia de ontem. Pela previsão inicial, sua chegada era esperada pelo sul.
O furacão deveria entrar no Estado pelas ilhas Key, subindo para Miami. Todas as Keys foram desocupadas durante a noite de ontem. O processo seguia pela manhã.
O Erin, contudo, deslocou-se para o nordeste da Flórida após passar pelo arquipélago das Bahamas. Ele deverá atingir o Estado entre Fort Launderdale e West Palm Beach, localizado 100 km ao norte de Miami.
Ao mudar de direção, o Erin ganhou força e intensidade. Isso porque, na opinião dos meteorologistas, ele foi influenciado pela corrente marítima do Golfo, que passa pela região.
"Cruzar a corrente fortalece o furacão, afirmou Bob Burpee, diretor do Centro Nacional de Furacões, após anunciar o fim do estado de alerta para a região das ilhas Key.
A retirada da população de Miami durou até o fim da tarde de ontem. Às 20h, contudo, o Centro de Operações de Emergência divulgou um comunicado afirmando que não havia mais perigo de vida para a população do Condado de Dade, que abrange as cidades de Miami, South Beach e Key Biscayne.
Hoje, voltam a operar normalmente os correios, tribunais, escolas e o aeroporto. Ontem à noite, ônibus da prefeitura começaram a deslocar as pessoas dos abrigos para suas casas.
Na próxima semana, o Centro de Operações de Emergência pretende fazer um balanço sobre os defeitos da operação realizada. Segundo Hale, as decisões tomadas sobre a retirada da população, abrigos, criação de equipes de emergência foram acertadas diante da ameaça que representava o Erin para Miami.
Foram constatados problemas em relação a abrigos e suprimentos, disse ela, sem informar quais foram as falhas.
Durante a retirada, os hotéis, polidamente, "expulsaram os turistas de seu quartos. Havia abrigos públicos onde era possível encontrar pessoas de todas as nacionalidades, exceto norte-americanos. De modo geral, os turistas enfrentavam a situação com bom humor.
O Erin deveria chegar a West Palm Beach ontem à noite, entre 20h e 22h, com ventos de 153 km/h, girando em sentido anti-horário, o que significa muita chuva e a quase imediata formação de tornados.
Prevê-se que o furacão passará pelo lago Okeechobee, cruzando o Estado e subindo em direção a Tampa, na outra costa da Flórida, banhada pelo Golfo do México.
Nem mesmo o Centro Nacional de Furacões, contudo, arrisca dizer que esta trajetória é definitiva. Ele já mudou de direção uma vez, dizem os meteorologistas, e pode fazê-lo outra vez.

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