São Paulo, quarta-feira, 2 de agosto de 1995
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Petrobrás e petroleiros; Verbas secretas; Desaparecidos; Togados e classistas; Belo caderno; Faltas sem justificativa; Jatene, imposto, compromisso; Voto obrigatório; Evangélicos

Petrobrás e petroleiros
``Refiro-me à reportagem publicada pela Folha no último sábado (29/7) com manchete de Primeira Página sob o título `Petrobrás sabia de acordo salarial' e respectivos desdobramentos nas edições dos dias 30/7 e 31/7. Na citada reportagem, a Folha publica a folha dois de um documento por mim rubricado quando no exercício da presidência da Petrobrás, no período de 31/10 a 4/11/94. A propósito dos termos da reportagem, esclareço: 1) O documento que rubriquei não é um termo de acordo com sindicatos. Trata-se, única e exclusivamente, de uma nota/relatório, que, aliás, em sua primeira folha -não publicada por este jornal-, tem o título `Ações da Petrobrás sobre o termo de entendimento do governo federal com os petroleiros/CUT, estabelecido em 4/10/94, na reunião de Juiz de Fora'. Esse documento, de âmbito interno, que nem sequer foi assinado, foi preparado por solicitação do Ministério de Minas e Energia e a ele destinado, objetivando informar como a Petrobrás interpretara e agia face ao chamado `Termo de Entendimento de Juiz de Fora'. 2) Observa-se assim que a nota em questão foi elaborada durante a minha gestão no exercício da presidência da Petrobrás tendo como objetivo exclusivo esclarecer a conduta da empresa na implementação do citado `Termo de Entendimento de Juiz de Fora', firmado cerca de 30 dias antes (4/10/94). 3) Há, portanto, além do erro de interpretação da Folha, erro factual grave quando esse jornal diz que `A rubrica de Galvão atesta, mais do que a simples participação, a concordância da direção da Petrobrás com os termos todos do acordo, assinado em Brasília no dia 10 de novembro'. 4) Mais grave ainda, portanto, é o erro em que incorre este jornal quando diz, sobre a publicação de cópia da folha dois do documento por mim rubricado, tratar-se de versão original de acordo. Outrossim, esclareço não ter conhecimento de quaisquer alterações que tenham sido produzidas posteriormente no texto daquele documento, que, reafirmo, de forma inequívoca, não tinha nem poderia ter qualquer objetivo de acordo trabalhista ou com sindicatos, sendo um mero relatório interno destinado ao Ministério de Minas e Energia. Lamentando que este jornal dê cunho sensacionalista a uma reportagem baseada em interpretação incorreta de documentos, confirmo a informação dada a este jornal de que não assinei ou rubriquei qualquer texto de acordo com sindicatos."
Orlando Galvão Filho, diretor da Petrobrás (Rio de Janeiro, RJ)

Verbas secretas
``Com relação a reportagem publicada neste jornal, na pág. 1-9 da edição de 25/7, referente a gastos governamentais, por meio de verba secreta, na qual é feita referência à Universidade Federal de Lavras como uma das prováveis usuárias da referida verba, temos a informar que esse subelemento de despesa nunca foi, de fato, utilizado por esta universidade. O que ocorreu em 20/3 foi um erro de digitação, quando da emissão da ordem bancária, para pagamento de despesa com serviços postais no valor de R$ 746,89. Em vez de ser digitado o elemento e subelemento 349039-47, foi digitado o elemento e subelemento 349039-42, que identifica serviço secreto, e não o real, que era de `serviços de comunicação em geral'. Houve um equívoco na digitação do último algarismo. A correção foi processada pela NL00749."
Silas Costa Pereira, reitor da Universidade Federal de Lavras (Lavras, MG)

Resposta do jornalista Gustavo Krieger - A despesa feita pela Universidade de Lavras foi debitada na conta de verbas secretas do governo em 20/3/95 e assim constava no Siafi, o sistema informatizado de controle de gastos públicos. Só no dia 25 de julho, às 16h47, depois da publicação da reportagem da Folha, a despesa foi transferida para outra conta.

Desaparecidos
``Muito bem feito o gráfico sobre os presos políticos desaparecidos (27/7). Não dá para entender, no entanto, a não-publicação da lista distribuída pelo chefe de gabinete do ministro da Justiça dois dias antes. A Folha se justifica dizendo: `A lista foi publicada pela Folha em 24 de maio'. E daí?, perguntamos. Aquela lista tinha o aval dos militares? Era de 136 pessoas?"
Jaime Wright (Vitória, ES)

Togados e classistas
``Fui classista e hoje sou juiz togado. De fato, em 45% dos processos os acordos são feitos nos corredores. Em Manaus esse percentual é até maior. Ocorre que o classista simplesmente pergunta se há a possibilidade de acordo, e são as partes que, já inclinadas a fazê-lo, conciliam. Essa conciliação, portanto, pode ser desempenhada por funcionários da própria junta. Pergunte-se a qualquer classista se concordaria em ficar fazendo o mesmo serviço, mas sem a denominação de `juiz' e sendo remunerado pelo seu próprio sindicato. A resposta levaria à forçosa conclusão de que não é bem o `amor à Justiça' que atrai os classistas."
Aldemiro Rezende Dantas Júnior, juiz do Trabalho (Manaus, AM)

Belo caderno
``Nesse domingo, enchi meus olhos com o caderno de Esporte da Folha. As ilustrações bárbaras dos jogadores de Palmeiras e Corinthians, permeadas por estatísticas úteis, revertem-se em uma das páginas mais belas e criativas que já vi diagramadas. Talvez o Campeonato Paulista (objeto da reportagem) não mereça tanto cuidado e destaque. Mas, como o futebol, mesmo com a ingerência dos cartolas, é a verdadeira paixão do brasileiro, ele, o apaixonado leitor brasileiro, agradece."
Sergio Ayarrolo (São Paulo, SP)

Faltas sem justificativa
``Fiquei estupefato ao saber que o nosso eloquente senador da República por Goiás `dr.' Onofre Quinan faltou a 65 sessões do Congresso, sem nenhuma justificativa, sendo que destas pelo menos meia dúzia diziam respeito ao Estado que lhe outorgou o mandato. Diante de tais fatos, não tenho outro caminho senão ingressar com ação própria na Justiça, para que o senador faltoso devolva aos cofres da União o numerário apropriado indevidamente."
Minervino Francisco de Oliveira (Anápolis, GO)

Jatene, imposto, compromisso
``No que tange à saúde do povo e à falta de recursos do setor, precisamos apoiar o esforço do ministro da Saúde, Adib Jatene, no sentido de ser criada uma contribuição sobre operações financeiras, para possibilitar o atendimento na rede de saúde operada pelo SUS e hospitais conveniados."
José Calixto da Silva (Brasília, DF)

``O governo FHC conclama, ao lado dos ministros da área econômica, a falta de recursos para a saúde. Entretanto desrespeita seu compromisso de campanha em relação à saúde, deixando o ministro Jatene sozinho na tarefa de barganhar recursos no Congresso. O mais desrespeitoso em tudo isso é o povo brasileiro tomar conhecimento pela da imprensa do acordo espúrio e mesquinho, no valor de R$ 2,8 bi, feito pelo governo com a bancada ruralista no Congresso em troca de votos de 134 deputados e 34 senadores para aprovação da reforma constitucional."
Luiza Araujo (São Caetano do Sul, SP)

Voto obrigatório
``Disse o sr. Marco Maciel, vice-presidente da República, sobre o voto obrigatório: `Acho que deve continuar assim, pelo menos por enquanto, pois a população precisa exercitar a política'. Ao ilustre político: há uma enorme massa de eleitores inorgânicos na conscientização política, não sabem nem mesmo onde fica uma simples Câmara Municipal e, mais, que suas reuniões são de livre acesso. Até mesmo em municípios de referência."
João Batista da Rocha (Sertãozinho, SP)

Evangélicos
``Gostaria de registrar minha insatisfação com o tratamento dispensado pela Folha aos evangélicos. Sou assinante deste grande jornal há quase três anos. Na maioria das vezes, notícias sobre os evangélicos são relegadas a segundo plano. Trabalhos da Igreja Católica são noticiados em meia página, lado ímpar, no primeiro caderno, ao passo que nossos trabalhos, quando são divulgados, ganham uma nota no colunão, lado par, no final da página. Não tenho a ilusão de que vamos receber o mesmo tratamento dado aos católicos, mas gostaria de ser tratado com maior respeito."
Marcos Gianini (Mauá, SP)

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