São Paulo, quinta-feira, 3 de agosto de 1995 |
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Testes nucleares fazem Austrália boicotar as empresas francesas
VINICIUS TORRES FREIRE
Os boicotes australianos abriram uma crise diplomática entre os dois países. A França retirou por tempo indeterminado seu embaixador na Austrália. A partir de setembro deste ano a França deve explodir sete bombas no atol de Mururoa (Polinésia Francesa, no oceano Pacífico). O ministro da Defesa australiano, Robert Ray, pediu ontem que a EDF (Eletricidade da França) fosse proibida de participar de uma privatização no valor de US$ 9 bilhões. Um contrato com a Compagnie Lyonnaise des Eaux (de abastecimento de água) também está ameaçado. Anteontem, Ray excluiu a Dassault, fabricante francesa de aviões, de uma concorrência no valor de US$ 400 milhões. Segundo o jornal francês ``Le Monde", a Dassault não tinha chance alguma de vencer a disputa pela venda de aviões de treinamento. A reunião do Fórum sobre a Segurança Ásia-Pacífico da Asean (Associação dos Países do Sudeste Asiático), encerrada ontem, emitiu uma declaração que pedia o fim dos testes nucleares. A declaração não mencionou nem a China nem a França, países que prosseguem com as experiências atômicas. O primeiro-ministro francês, Alain Juppé, disse ontem em entrevista coletiva que seu governo continua firme no propósito de realizar os testes. Em seguida, François Barouin, porta-voz do governo, afirmou que a ``ofensiva discriminatória" australiana aproveita o motivo dos testes nucleares para expandir sua influência na Oceania e Ásia. ``A Austrália é movida por ambições econômicas e geopolíticas na região, na qual a França tem forte presença", disse Barouin. Ontem, o jornal ``Le Parisien" divulgou pesquisa segundo a qual 60% dos franceses consideram que Chirac deve desistir dos testes. O jornal ``Le Quotidien de Paris" de hoje traz em sua primeira página uma convocação ao boicote dos produtos de todos os países que estariam discriminando a França (Austrália, Dinamarca, Japão, Noruega e Nova Zelândia). Ontem, uma cadeia de hotéis sueca anunciou que não vai mais servir vinhos franceses em seus restaurantes. O Parlamento e o governo suecos também já haviam adotado a medida. Com agências internacionais Texto Anterior: Navio afunda e 3 desaparecem Próximo Texto: Argélia diz ter reconhecido retrato falado Índice |
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