São Paulo, sábado, 5 de agosto de 1995
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Cerqueira recua e defende policiais do Rio

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Alarmado com a repercussão de declarações em que vinculou a polícia a crimes, o secretário da Segurança do Rio, Nilton Cerqueira, tenta agora acalmar a revolta de policiais civis do Estado.
Anteontem, Cerqueira, o chefe de Polícia Civil, delegado Hélio Luz, e o governador Marcello Alencar (PSDB) foram ofendidos em mensagens clandestinas transmitidas pelo rádio da polícia.
Também anteontem, entidades que representam policiais civis fizeram protestos e também reclamaram do não-pagamento, neste mês, de um aumento de 53,6% nos salários, definido em julho.
Ontem, em palestra para 90 filiados ao Instituto Brasileiro de Executivos Financeiros, Cerqueira defendeu mais salário, moradia e assistência médica para policiais.
O secretário afirmou que, ``sem o estímulo de um salário condizente, o caminho para as vacilações de comportamento é encurtado".
Segundo ele, os baixos salários afligem as polícias Civil e Militar -um detetive em início de carreira ganha, por exemplo, R$ 300.
Cerqueira disse que, sem aumentos de salário, demorará muito até que ``índices satisfatórios de segurança" sejam alcançados.
General da reserva e deputado federal pelo PP do Rio, Cerqueira, 65, atacou organizações de defesa de direitos humanos. ``Nunca vemos manifestações delas quando o policial paga com a vida", disse.
Cerqueira também pediu mudanças no Estatuto da Criança e do Adolescente, como a prisão de maiores de 14 anos. ``Essa legislação é extremamente paternalista."

Ameaças
Com a crise na polícia, dezenas de telefonemas com ameaças de morte contra Cerqueira e Luz foram atendidos na secretaria.
Ambos não têm dado importância, mas as armas de policiais que visitam proximidades do gabinete de Cerqueira são recolhidas.
Um telefonema anônimo dizia haver plano de traficantes de Vigário Geral (favela na zona norte) para matar Cerqueira. O secretário considera o telefonema um trote.
A cúpula da secretaria atribui as ameaças a policiais insatisfeitos com a repressão ao envolvimento de agentes em atos criminosos.

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