São Paulo, sábado, 5 de agosto de 1995
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Dobram os golpes contra empresas

FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Dobrou este ano o número de golpes de empresas fantasmas, as chamadas arapucas, contra indústrias e revendedores de mercadorias em todo o país.
Somente em São Paulo, os golpes causaram prejuízos de US$ 10,8 milhões no primeiro semestre. O valor é 133% maior do que o registrado em igual período de 1994, segundo a Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
A técnica dos golpistas é simples: assumem em nome de desavisados (os ``laranjas") empresas que pararam de funcionar há mais de cinco anos e passam a comprar a prazo (30 a 40 dias) toda mercadoria que conseguem.
Os responsáveis desaparecem antes de vencer o prazo do pagamento das mercadorias. Alimentos, bebidas, produtos de higiene e limpeza e eletroeletrônicos são alguns dos produtos mais ``comprados" pelos fantasmas.
As empresas ``usadas" nos golpes têm de estar fora do mercado há pelo menos cinco anos pelo fato de este ser o prazo legal para que eventuais problemas (como títulos protestados contra elas) desapareçam da praça. Desta forma, quando começam a operar, as companhias fantasmas estão completamente ``limpas".
No primeiro semestre, 40 empresas fantasmas tiveram falência requerida ou decretada em São Paulo. Na maioria dos casos, os responsáveis desapareceram deixando para trás um rastro de mais de 3.000 títulos protestados.
A empresa SCI (Segurança ao Crédito e Informações) detectou em todo o país, e apenas no primeiro quadrimestre, a atuação de 78 fantasmas. Juntas, as empresas teriam causado prejuízos de US$ 4,7 milhões a fornecedores.
Uma das recordistas, segundo John Gottheiner, presidente da SCI, foi a Comercial Macau Ltda. Gerou prejuízos de US$ 482 mil a fornecedores até julho.
A polícia paulista também detectou um aumento expressivo de empresas que fazem golpes no caminho inverso. Vendem automóveis, móveis e eletrodomésticos mediante uma entrada e desaparecem sem entregar os produtos.
A Flórida Internacional Express, segundo o delegado Guilherme Santana, da Delegacia do Consumidor (Decon), lidera esses golpes em todo o país.
Outro golpe relativamente novo na praça tem sido o de vender a bancos duplicatas falsas (como se fossem de empresas grandes e conhecidas) para levantar dinheiro. Gottheiner, da SCI, afirma que este tipo de golpe passou a ser aplicado até mesmo por empresas que vinham operando dentro da legalidade. ``Com a restrição ao crédito bancário, o golpe tem sido um expediente para levantar dinheiro em emergências", disse.

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