São Paulo, sábado, 5 de agosto de 1995 |
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Rap e funk tentam unir a favela e a cidade
RONI LIMA
Ao desfraldar a bandeira da paz e da convivência entre diferentes realidades socioculturais, o ``Expresso Rocinha" marca também um raro diálogo de rapers e funqueiros. A partir das 17h, dez grupos de rap e funk sobem ao palco na garagem da empresa de ônibus Tau (estrada da Gávea, 425). O som deve rolar até 22h, fechando com o rap de Gabriel O Pensador. Além de Gabriel e do funqueiro Abdula, tocarão alguns dos grupos mais expressivos do rap e do funk: MC Júnior & Leonardo e MC Galo e Neném (funk) e MV Bill, Ponto 50, Realidade Social, Contexto, Disciplina Urbana e Puramente Negro (rap). Nascido em guetos de negros de Nova York e com letras mais elaboradas, de cunho ideológico, o rap dá as mãos assim, no Rio, ao funk originário de Miami, com letras mais superficiais. Com entrada franca, o convite é geral. ``Não é momento de subir muros, é hora de construir pontes pra unir a sociedade dividida", diz o urbanista e produtor cultural Manoel Ribeiro, 54. O ``Expresso Rocinha" é uma realização de Ribeiro, do Grupo Cultural Afro Reggae e da Voz Ativa Oficina Cultural -que lutam pela valorização das favelas e periferias. A filosofia básica é se utilizar de manifestações artísticas para ajudar na conscientização das comunidades carentes, buscando integrá-las à ``sociedade do asfalto". ``Precisamos desfazer essa barreira invisível que se construiu, separando esses dois mundos da favela e do asfalto", diz a escritora Marlene Vieira, 39, da Voz Ativa. O classe média Gabriel O Pensador já transpôs esta barreira na adolescência, quando morava em São Conrado (zona sul) e fez amizade com surfistas da Rocinha. ``Pra mim é o maior barato tocar na Rocinha, porque foi lá que comecei a aprender o que era favela. É importante que as pessoas saibam que ali é um espaço como qualquer outro", diz. Gabriel promete um show caprichado, apresentando 14 músicas, muitas de seu novo disco ``Ainda é só o começo". Ele se apresentará com o grupo de rap Ryo Radikal Repz. A CEF (Caixa Econômica Federal), a Sony Music, a Littéria Editora e a MW Barroso apostaram na importância do evento, viabilizando a produção do ``Expresso Rocinha". Texto Anterior: Fotoptica abre inscrições para mostra fotográfica; Tom Cruise faz papel de piloto homossexual; Nicole Kidman atua em 'Portrait of a Lady'; Arnaldo Antunes expõe poesia visual nos EUA Próximo Texto: Nem Carmen Miranda salva "Copacabana" Índice |
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