São Paulo, sábado, 5 de agosto de 1995
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Japão exige da França fim de testes

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

As duas casas do Parlamento do Japão aprovaram ontem por unanimidade uma resolução pedindo que a França e a China parem seus testes nucleares.
Foi a primeira resolução do país a nomear países em protesto a testes nucleares. O Japão renunciou ao direito de ter a bomba.
Amanhã, 6 de agosto, faz 50 anos que os EUA atacaram a cidade de Hiroshima (oeste do país) com uma bomba atômica, a primeira a atingir um alvo civil. Pelo menos 110 mil pessoas morreram.
A França anunciou em junho que fará oito testes nucleares em Mururoa (oceano Pacífico), entre setembro de 1995 e maio de 1996.
Segundo a resolução aprovada pelo Parlamento, os testes subterrâneos que a China fez neste ano e a decisão francesa de retomá-los ameaçam o meio ambiente e os tratados de desarmamento nuclear.
``O fato de a França ter decidido retomar os testes nucleares é um ato que destrói o ambiente mundial e ameaça a existência da humanidade", dizia a resolução.
Segundo ela, a China e a França ameaçam o Tratado de Não-Proliferação Nuclear, renovado em maio por 176 países, e o Tratado Compreensivo de Proibição de Testes, a ser assinado em 1996.
Ontem, o premiê do país, Tomiichi Murayama, concordou com a oposição em amenizar o tom do texto. Originalmente, ele censurava os dois países por ``atos que não poderiam ser permitidos".
O prefeito de Hiroshima, Takashi Hirakoa, pediu ontem ``fortes" desculpas oficiais pelo sofrimento causado pelo Japão aos países asiáticos e pelas atrocidades cometidas pelo país durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
O prefeito criticou uma resolução aprovada pelo Parlamento japonês em junho que pedia desculpas pelos atos do país durante a guerra. Segundo Hirakoa, a resolução era fraca demais.
``Eu gostaria de aproveitar os 50 anos da bomba em Hiroshima para pedir desculpas pelo que o Japão fez. Estou me referindo à colonização de países da Ásia e às atrocidades da guerra", disse.
Cerca de 10 mil pessoas fizeram protesto em Hiroshima contra os testes nucleares franceses. Milhares de pessoas de todo o mundo foram à cidade por causa da data.
``Não queremos usar o bombardeio a Hiroshima como desculpa pelos atos criminosos do Japão durante a guerra", disse o prefeito.
Em Washington, o ator americano Martin Sheen foi preso e depois libertado em protesto antinuclear diante do Pentágono (centro militar dos EUA), por causa dos 50 anos da bomba no Japão.

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