São Paulo, sábado, 5 de agosto de 1995
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Zagreb ataca para negociar

CHRISTOPHER BELLAMY
DO "THE INDEPENDENT"

O ataque croata à Krajina, dominada pelos sérvios, até agora vem seguindo todos os estereótipos da guerra civil na vizinha Bósnia: bombardeios pesados seguidos pelo envio de alguns tanques, mas com poucos sinais de um ataque resoluto de infantaria.
O Exército croata pode estar apostando em sua capacidade de forçar os sérvios a negociar, em lugar de invadir a região.
As forças croatas vêm recebendo equipamentos dos países antes integrantes do Pacto de Varsóvia e, provavelmente, também treinamento de países ocidentais, mas não se vêem muitos indicativos de um Exército bem preparado.
Embora não agrade aos estrategistas, a tática de "bombardear até arrasar e depois enviar alguns tanques para dar cabo do serviço" vem se mostrando efetiva na guerra bósnia, expulsando a população civil e facilitando a "limpeza étnica". É provável que os croatas façam o mesmo. "É cedo para identificar estratégias", disse Philip Arnold, porta-voz da ONU.
Se existe algum padrão discernível, é o contrário do que esperava a maioria dos analistas militares.
Eles previam que a Croácia iria concentrar suas atenções na área norte, para acabar com a ameaça de foguetes contra Zagreb e abrir o caminho mais curto até o encrave de Bihac, na Bósnia.
Em lugar disso, os croatas parecem ter atacado simultaneamente no norte e no sul, com vigor especial contra Knin. Mas é possível que tenham sido inteligentes, porque os sérvios de Krajina concentraram a maioria de suas forças no norte, em torno de Bihac e contra o ataque croata mais óbvio.
Os contingentes das Forças Armadas croatas em tempos de paz foram estimados em apenas 70 mil homens, mas com um esforço limitado de mobilização é provável que tenham subido para 110 mil.
A maior parte de seus equipamentos são herdados das forças a ex-Iugoslávia, assim como acontece com as outras partes em guerra na região. São lança-foguetes antitanques manuais RPG-7 e lança-foguetes múltiplos de 122mm, tchecos, caças MiG-21 e helicópteros de ataque Hind Mi-24.

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