São Paulo, sábado, 5 de agosto de 1995
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Juízes classistas; Novas tecnologias; Varinha mágica; Falta um "p"; A greve dos petroleiros; Um estranho entre nós; Publicidade e arte; Tragédia real; Dias insanos

Juízes classistas
``Oportuno e importante o editorial `Sepultar o fascismo', publicado na Folha de 26/7 (pág. 1-2), ao qual a maioria da comunidade jurídica e não-jurídica certamente adere. Realmente, é desnecessária a figura dos juízes classistas no processo contemporâneo e é inviável a presença dos mesmos como auxiliares do Estado. No entanto, deve-se ressalvar o equívoco e a perigosa simplificação em que este jornal incorreu quando tentou abordar aspectos históricos da legislação trabalhista. Não se pode negar que os juristas que conceberam a `Carta del Lavoro' estavam sintonizados com a conjuntura social e econômica da Europa na virada do século (quando crianças e mulheres eram obrigados a trabalhar até 16 horas ao dia sem descanso semanal, os camponeses tinham sido expulsos do campo para formar contingentes de mão-de-obra barata nos centros industriais etc.). Não se pode condenar tais idéias simplesmente porque tenham sido utilizadas como bandeira pelo ditador de plantão. Inegável que os tempos são outros e que as normas trabalhistas do Brasil devem ser revisionadas, não só para melhor satisfazer as necessidades do capital e do trabalho, como para também reduzir o `Custo Brasil'. Feita tal ressalva, parabéns à Folha."
Rosan de Sousa Amaral (Belo Horizonte, MG)

Novas tecnologias
``Excelente o caderno especial da Folha sobre telecomunicações (1/8). Nele, o leitor brasileiro pode conhecer as mais novas conquistas neste maravilhoso campo das comunicações. O Brasil, com a nova política da quebra do monopólio estatal das telecomunicações, também deverá participar desta revolução tecnológica."
Mário Negreiros dos Anjos (Niterói, RJ)

Varinha mágica
``Correto, oportuno, esclarecedor e em linguagem acessível o texto de Marcelo Coelho na Folha de 2/8 sobre o ministro da Saúde e a vara mágica de solução dos problemas via impostos. Onde estará engavetado o programa de governo do PS(FL)DB, que ainda não deu o ar da graça?"
Sonia M. Bulhões Miranda (Osasco, SP)

Falta um "p"
``Obrigada, Josias, pelo seu esclarecimento quanto ao novo imposto (CMF) que erroneamente está sendo chamado de IPMF. Fiquei desolada ao saber que ele não traz o P de provisório, porém está provisoriamente vinculado a gastos do Ministério da Saúde. Percebo que legitimamente o sr. Adib Jatene destinará esse imposto à saúde. No sr. Jatene, confio. Mas, nos anos vindouros, o Congresso votará o destino da CMF. Aí sinto dores."
Leda Pereira (São Paulo, SP)

A greve dos petroleiros
``Quero agradecer ao jornalista Janio de Freitas pelo esclarecimento feito na coluna de 29/7 (`A história de uma farsa'). Como a fé é impotente, nada de grave acontecerá com estes áulicos, que mentiram para o povo brasileiro. De qualquer maneira, valeu a denúncia; é assim que se constrói uma nação."
Marcus Taboza (Salvador, BA)

``Janio de Freitas mostrou que a população sofreu os tormentos da greve dos petroleiros em maio devido a uma atuação inescrupulosa e antiética dos diretores da Petrobrás, fato que a sociedade não pode admitir. FHC deve exonerar imediatamente esses diretores que só atuam contra os trabalhadores e a sociedade para permanecerem em seus bem remunerados cargos."
Marcio Cury (Rio das Ostras, RJ)

Um estranho entre nós
``Como é que, no país tetracampeão de futebol e no Estado mais importante da República, é chamado um `juiz de futebol' estrangeiro para a decisão do também campeonato mais importante do Brasil? Diria, como um nosso locutor televisivo, `isto é uma vergonha'."
Salomão Sales Couto (Recife, PE)

Publicidade e arte
``Haroldo de Campos, ao levantar a questão da ética no trabalho de Oliviero Toscani, questiona até que ponto a sua publicidade não cai na apelação e no uso da miséria humana como propulsora do consumismo. É uma interpretação, mas não se pode desconsiderar o papel preponderante da arte, enquanto forma de exteriorização do pensar. Como diz Arnaldo Jabor, `A obra de arte é para se ter êxtase, não só para estudar ou aprender (vender). É para dar prazer'. A arte envolve processo criativo e deve estar presente em tudo -caso contrário, perderia a sua razão de ser."
Glaydson José da Silva (Franca, SP)

Tragédia real
``Fiquei surpreso com o `auê' causado pelo `enfant terrible' João Alves no Teatro da Cidade de Belo Horizonte, conforme carta da dramaturga Consuelo de Castro, autora da peça `Louco Circo do Desejo'. Os frequentadores habituais de teatro não podem correr o risco idêntico ao elenco e ao público da peça `Roda Viva' em 68. Na época, o CCC desceu o pau em todo mundo; hoje, um elemento pernicioso à sociedade dá-se ao direito de extrapolar sua idiossincrasia em recinto onde sua presença soa, no mínimo, tragicômica. Poupem-nos dessas assombrações."
Marcos Apolinário Santana (Brasília, DF)

Dias insanos
``A agricultura brasileira vive dias insanos. Insumos, máquinas e serviços tiveram seus custos aumentados em 30% a 50% desde o início do Plano Real. Para ancorar o real, o governo determinou que os preços dos produtos agrícolas, na origem, não tivessem reajuste. Por falta de sensibilidade e conhecimento de mercado, o governo não garantiu a compra dos cereais pelo preço mínimo, que ele próprio estabeleceu, deixando os produtores nas mãos dos atravessadores e atacadistas. Em razão disso os preços despencaram em média 27% abaixo dos praticados na safra 93/94. Mal sabe o presidente que, a duras penas, engenheiros agrônomos e agricultores viabilizaram a agricultura no centro-oeste brasileiro, região dos cerrados. Será que FHC sabe que o agricultor, o horticultor, o produtor de leite, o floricultor têm que ser superiores ao tempo e aos sofrimentos, enfrentando frio, chuva, sol, poeira, lama, estradas ruins, falsificações de insumos, desonestidades de fiscais, taxações em cascata, discriminações, sem o mínimo de reconhecimento?"
João Venâncio Soares (Rio Verde, GO)

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