São Paulo, sábado, 5 de agosto de 1995
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Aids e preconceito

Como esta Folha já afirmou neste mesmo espaço, Albert Einstein certa vez disse: ``Época triste a nossa, em que é mais difícil quebrar um preconceito do que um átomo". Os tempos mudaram. Aceleradores de partículas quebram os mais diversos tipos de átomos de maneiras cada vez mais sensacionais. Os preconceitos continuam muito difíceis de quebrar, mas agora contam com a ajuda de publicitários e dos meios de comunicação de massa.
É o caso da campanha sobre a Aids que está sendo veiculada pelas TVs. Nascida numa reunião de pessoas que são portadoras do vírus HIV sem desenvolver a doença já há dez anos, a campanha merece todo o apoio.
O homem sempre teve a tendência de atribuir a culpa de uma doença a vícios de seu próprio portador. Nem a descoberta dos micróbios, por Pasteur, mudou isso. No imaginário, o leproso havia feito algo errado para ter contraído a chaga. O estigma que acompanha a Aids é o homossexualismo. Além de o preconceito contra homossexuais ser ele próprio injustificável, é erro vincular a doença à prática do homossexualismo. O perfil epidemiológico da Aids vem mudando.
No início a doença surgiu entre homossexuais e hemofílicos. Hoje, com o sangue sendo testado, hemofílicos já não são mais contaminados. Os homossexuais, sendo as primeiras vítimas, foram também os primeiros a tomar as medidas preventivas, e a taxa de contaminação nesse grupo é declinante.
Já agora a moléstia não escolhe vítimas. Todos aqueles que não se protegerem fazendo apenas sexo seguro estão sujeitos a contraí-la. Proteja-se e não discrimine o aidético ou portador de HIV. Amanhã, você mesmo ou amigo poderão estar nessa triste situação.

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