São Paulo, domingo, 6 de agosto de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Violência ameaça estragar também o 2º jogo da final

TELÊ SANTANA

No artigo de domingo passado, previ que a primeira partida da decisão do Paulista iria ser marcada pela violência.
Os fatos mostraram que eu estava certo. E para hoje, infelizmente, a previsão continua a mesma.
No domingo passado, o árbitro errou, mas os maiores culpados pelo que se viu em campo foram os próprios jogadores, que o pressionaram o tempo todo. O maior erro do juiz talvez tenha sido o de não se impor desde o início do jogo.
Por isso, é fundamental que o Departamento de Árbitros da Federação Paulista de Futebol oriente o juiz de hoje a coibir desde o início qualquer ato de violência ou de indisciplina.
O jogo só tem chance de correr normalmente se os jogadores se convencerem de que qualquer falta brusca e qualquer reclamação será punida com um cartão amarelo e, em caso de reincidência, com o vermelho.
No Palmeiras, alguns jogadores estão abusando da violência, como Mancuso e Antônio Carlos. O pior é que eles têm boa técnica e poderiam ser mais úteis aos seus clubes se jogassem o que sabem.
No Corinthians, a equipe toda está muito preocupada com a arbitragem. O adversário deles é o Palmeiras, não o juiz.
Os jogadores de ambos os times precisam se convencer de que essa atitude é prejudicial a eles mesmos.
A história tem mostrado que numa final vence sempre o time que se preocupa em jogar futebol, que quer jogar. Quem só quer dar pontapés é sempre derrotado. Eu digo isso porque já enfrentei esse problema mais de uma vez.
Em 1977, quando fui trabalhar no Grêmio, encontrei o futebol gaúcho numa situação triste. Quando se enfrentavam, os jogadores de Grêmio e Internacional não se preocupavam em jogar, mas apenas em dar pontapés e em reclamar do árbitro.
Consegui convencer meus jogadores a mudarem de atitude, mas os do Internacional continuaram com a mesma mentalidade. Por isso, naquele ano fomos campeões estaduais, interrompendo uma série de oito títulos do nosso rival.
No caso de não haver violência, vejo um pequeno favoritismo para o Palmeiras, pelo que as duas equipes realizaram no domingo passado.
O Palmeiras esteve melhor e mostrou mais poder de decisão. Em muitos momentos, dominou o Corinthians, que não soube reagir.
Mas, no jogo de hoje, tudo pode mudar. A equipe que estiver mais determinada e mais interessada em vencer jogando futebol vai levar vantagem.

Texto Anterior: Porco tocaia os pinguins
Próximo Texto: Muller afirma 'sede' pelo 5º título e espera 'casar' com Palmeiras
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.