São Paulo, segunda-feira, 7 de agosto de 1995
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Crescem as vendas de vitamina C

EDUARDO BELO
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado de vitamina C está mais saudável. O Plano Real e uma sucessão de surtos de gripe proporcionaram o ambiente ideal para a propagação do produto.
As empresas do setor estimam crescimento de 15% a 20% do mercado neste ano, apesar do inverno mais quente que o normal -as vendas costumam ser maiores na época do frio.
Em 1994 o setor movimentou US$ 53,6 milhões. Neste ano, deve superar 23 milhões de embalagens vendidas, com faturamento acima de US$ 63 milhões -marca alcançada no período de 12 meses encerrado em maio. É um quarto do que a Volkswagen está investindo na fábrica de motores de Resende (RJ).
``O consumidor está tomando consciência da qualidade, do sabor e da proteção que a vitamina C proporciona", afirma Maurício Costa Barbosa, gerente dos laboratórios Merck para produtos de venda livre em balcão (sem receita médica).
``Além disso, o comprimido de vitamina C é muito prático. Você pode tomar em qualquer lugar."
A efervescência desse mercado não é um fenômeno isolado. Ela repete o comportamento da maioria dos produtos da indústria farmacêutica.
Embora não façam previsões oficiais, as empresas esperam que o faturamento global do setor engorde perto de 20% em relação a 1994 -quando os laboratórios abocanharam cerca de US$ 4 bilhões, segundo a Abifarma (associação dos fabricantes que operam no país).
O setor é unânime em apontar o Real como propulsor desse crescimento. ``O plano deu mais poder aquisitivo à população", afirma Luís Roberto Bõnecker, 39 anos, gerente de marketing da divisão consumo do laboratório Roche.
``Em anos anteriores houve certa recessão, mas desde o ano passado a situação começou a melhorar", atesta Orlando Moino, 53, presidente do laboratório Sanofi Winthrop.
Ele entende que o volume de negócios cresceu porque o consumidor tem mais dinheiro disponível e pode dedicar mais atenção à saúde . ``Ninguém compra medicamento por impulso. Mas pode deixar de comprar durante a recessão", afirma.
Outro fator que os fabricantes consideram importante para a melhoria do quadro geral da vitamina C foi a variação de preços.
Desde a conversão para a URV, em março do ano passado, a alta dos preços se limitou aos 12% autorizados pelo governo. Só no primeiro ano do Real (julho de 94 a junho de 95), a inflação foi de 35%. Mesmo assim, a indústria não tem reclamações sobre isso.
O setor aposta mesmo é no futuro. Ainda arredios, os laboratórios evitam fazer previsões. Mas esperam que chegue logo ao Brasil o mais novo motivo que alguém pode ter para consumir o produto.
A ciência estuda os efeitos da vitamina C como antioxidante, substância que atua na defesa das células e retarda o envelhecimento.
Empresas que investem em publicidade também estão aumentando a venda de vitamina C mais depressa.
É o caso do Roche. Depois de 64 anos no país, pela primeira vez o laboratório de origem suíça decidiu anunciar seu produto, o Redoxon, na televisão.
A campanha está no ar desde o mês passado e vai até setembro. Custou US$ 2 milhões e tem o objetivo de alavancar as vendas justamente no período de maior consumo: o inverno.

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