São Paulo, quinta-feira, 10 de agosto de 1995
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Ossada de Paiva foi achada em 73, diz IML

Diretor do IML de Cabo Frio diz ter reconhecido ossos

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

A ossada do deputado Rubens Paiva foi identificada no IML (Instituto Médico Legal) do Rio no início de novembro de 1973, disse ontem o diretor do IML de Cabo Frio (cidade a 140 km do Rio), Jorge Galvão da Fontoura, 72.
Na época, Fontoura dirigia o Serviço de Radiologia do IML do Rio. Para fazer a identificação, ele disse que comparou a arcada dentária da ossada com a ficha odontológica de Paiva.
Fontoura disse que também comparou marca de fratura na tíbia direita da ossada com radiografia de fratura no mesmo local sofrida por Paiva em 1970. ``Não tenho a menor dúvida de que a ossada era de Rubens Paiva", afirmou.
O desaparecimento de Rubens Paiva ocorreu em 1971. Fontoura disse que, após identificar a ossada, passou a sofrer ameaças de morte. Com medo, ele teria mantido a descoberta em segredo.
Segundo Fontoura, a ossada de Paiva foi achada na praia do Recreio dos Bandeirantes (zona oeste) em 30 de outubro de 1973. Um documento em seu poder afirma que o detetive Amauri de Oliveira, da Polícia Civil, achou a ossada.
Fontoura disse que costumava comparar cadáveres e ossadas sem identificação que chegavam ao IML com dados de desaparecidos.
Ele disse que o crânio tinha um tiro na nuca. Fontoura disse ter obtido informações de que um tiro na nuca havia matado Paiva: ``Desconfiei de que podia ser ele. Consegui sua ficha dentária, que coincidia com a arcada da ossada".
Outra evidência de que era a ossada de Paiva seria a marca de fratura externa na perna direita. Fontoura disse que obteve a radiografia da perna que Paiva fraturara.
``Era a mesma perna. A fratura era igualzinha". Segundo ele, a identificação foi abafada pela Secretaria de Segurança: ``A ossada desapareceu logo depois e começaram as ameaças contra mim".
As investigações sobre a morte de Paiva foram reabertas em 1986. Em 1987, os ossos foram desenterrados na praia do Recreio dos Bandeirantes, mas teriam sido trocados no IML do Rio por ossos de um animal, segundo o então procurador Francisco Leite Chaves.

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