São Paulo, quinta-feira, 10 de agosto de 1995
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BC ainda estuda como restringir vinda de dólares

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo pode tomar ainda nesta semana medidas para restringir a entrada de dólares no país. Entre as novas alternativas estudadas pelo Banco Central está a criação de um recolhimento compulsório sobre o capital estrangeiro.
Este compulsório -que obrigaria investidores a deixar 10% ou 20%, por exemplo, dos recursos no BC- poderia afugentar parte do capital externo que tem sido atraído ao país pela alta rentabilidade das aplicações em juros.
Outra possibilidade -antes remota, mas que vem ganhando força no governo- é a fixação de um prazo mínimo para a permanência do capital especulativo no país, a chamada ``quarentena", adotada no Chile.
Também continuam em estudo a elevação do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e a ampliação do prazo mínimo exigido dos lançamentos de títulos de empresas brasileiras no exterior.
Durante todo o dia de ontem, técnicos do BC discutiram qual a melhor forma de restringir a entrada de dólares.
A única medida divulgada até o início da noite de ontem pelo BC foi a ampliação do prazo para a renegociação das dívidas de pequenos agricultores, que passou para três anos. Este prazo só valia para micro produtores.

Econômico
O Banco Central aguarda um sinal verde do presidente Fernando Henrique Cardoso para tomar medidas a respeito da crise financeira do Banco Econômico. A área técnica do BC já avalia que não há mais como esperar por uma transferência do controle acionário.
Até ontem, porém, a cúpula do BC não tinha o aval do Palácio do Planalto. Qualquer medida terá impacto político -seja pela reação do grupo do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) -que quer o banco operando na Bahia-, seja pela repercussão no mercado financeiro.
A situação do Econômico (sétimo maior banco do país) e de quatro instituições de pequeno porte preocupa o BC, que tem ampliado nos últimos dias a emissão de moeda a título de empréstimos de assistência financeira.
Só com o Econômico, a linha de socorro de liquidez do BC já gastou R$ 1,2 bilhão. Somando-se os empréstimos aos demais quatro bancos e às instituições estaduais, já há uma emissão capaz de preocupar os responsáveis pela política monetária.
O presidente do BC, Gustavo Loyola, já tem em mãos pelo menos dois atos de liquidação de instituições de pequeno porte. A medida a ser tomada quanto ao Econômico ainda é uma incógnita.

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