São Paulo, quinta-feira, 10 de agosto de 1995 |
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A mudança no sistema bancário
LUÍS NASSIF Há pouca percepção no país das transformações que a informatização acarretará aos serviços bancários. Com a disseminação das transações eletrônicas, não haverá mais diferenciais entre os serviços bancários. Cotações, taxas de aplicação, oportunidades de investimento estarão em redes virtuais, à disposição dos investidores -como commodities, onde pouco importa a marca da instituição.Paralelamente, a disseminação e a democratização das informações estão reduzindo a zero o nível de ignorância líquida do investidor -isto é, a falta de informação que lhe permitia aceitar produtos inferiores aos que eram oferecidos a clientes esclarecidos. Esse fenômeno tem produzido no mundo desenvolvido um acelerado processo de desintermediação bancária. As empresas recorrem cada vez mais a capitais de risco e menos a capitais de empréstimo. Mesmo nos financiamentos, há inúmeras formas não-bancárias surgindo diariamente. Com a integração eletrônica, cessa o monopólio bancário na oferta de recursos ao público e o diferencial das grandes redes varejistas. Em Nova York, há bancas eletrônicas onde pequenos investidores entram, consultam as informações e decidem na hora sobre suas aplicações. É sobre isso que o sistema financeiro brasileiro precisa meditar. A indústria de corretagem de valores tem seus dias contados. Podendo efetuar compras e vendas de ações por computador, desaparece a necessidade da figura do corretor. No caso dos bancos, há um acelerado processo de informatização das relações com o cliente. Num primeiro momento, haverá diferenciais de marketing na atuação de cada banco. Com o tempo, haverá a integração entre sistemas, reduzindo essas vantagens comparativas. Ditadura renda fixa Ao mesmo tempo, o fim da ditadura da renda fixa acabará de vez com a sensaboria da atividade bancária atual. O único caminho dos bancos será buscar a especialização de toda ordem. Na ponta dos investimentos, especializando-se cada vez mais na gestão de fundos. Na ponta da aplicação, desenvolvendo departamentos técnicos que possam acelerar a mudança cultural nas empresas brasileiras, preparando-as para receber investimentos -o que exige gestão profissional e sistema de informações transparente da parte delas. Durante décadas, o sistema financeiro foi visto como chupim da nação, pela maneira cômoda de ganhar dinheiro -captando do cliente e emprestando ao governo. A partir do próximo ano, quando o fluxo de recursos internacionais pintar de fato, terá uma função das mais relevantes econômica e socialmente, que é aproximar a empresa nacional do capital de risco. Quem não entender a tempo, vai dançar. Texto Anterior: México tem superávit em junho Próximo Texto: BC ainda estuda como restringir vinda de dólares Índice |
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