São Paulo, quinta-feira, 10 de agosto de 1995
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Konopiste e Sternberk têm passado bélico

LUCINDA HAHN
DO "TRAVEL/THE NEW YORK TIMES"

A meia hora de carro de Karlstejn fica Konopiste, castelo do século 14 intimamente ligado à queda do Império Austro-Húngaro.
Desprezado pelos aristocratas austríacos por se casar com uma plebéia, o arquiduque Francisco Ferdinando esperava herdar o trono do império e queria uma residência que provocasse a inveja dos seus pares na nobreza.
Encontrou o que queria em Konopiste. Em 1887, comprou o castelo próximo à cidade de Benesov.
Quase todo espaço disponível está ocupado pela coleção de armaduras e artefatos de guerra dos séculos 16 e 18 do arquiduque.
Cerca de 1.500 pistolas e espingardas estão expostas nas paredes e em gabinetes de carvalho e vidro. Lanças, armaduras e capacetes completam a exposição.
Outro ponto alto é a pequena sala de repouso. Um gabinete de vidro guarda a máscara mortuária do arquiduque e a bala que o matou em Sarajevo, em 1914. Esse assassinato desencadeou a Primeira Guerra Mundial (1914-1917).
Quase todas as salas apresentam os troféus de caça do arquiduque. O castelo parece a Arca de Noé, com ursos siberianos, antílopes da Índia, cegonhas chinesas e bisões poloneses, todos empalhados.

Cesky Sternberk
Ocasionalmente, o arquiduque fazia a curta viagem entre Konopiste e o castelo de Cesky Sternberk. Uma viagem de 15 minutos de carro separa os dois castelos.
Crescendo acima do rio Sazava, o castelo preside uma bucólica vila. Dentro da fortaleza de 70 quartos, o barroco domina a arquitetura e a mobília.
A primeira sala visitada mostra a mobília barroca e uma coleção de 400 estampas em cobre descrevendo cenas da Guerra dos 30 Anos (1616-1648).
Em uma parede, há a foto de um homem simpático conduzindo crianças. ``Esse é Georg Sternberk", diz o guia, ``o último dono do castelo antes de ele ser confiscado pelos comunistas".
O sorriso simpático do senhor Sternberk esconde a humilhação que ele enfrentou depois de 1948, quando os comunistas transformaram sua casa em um museu.
Seguimos o guia pelo salão de caça que tem um sorridente jacaré empalhado. Ele foi morto por Georg no Sri Lanka, em 1909.
A Câmara Rococó, na qual o tour termina, mostra o tesouro dos Sternberk, descoberto em 1971.
Ele é formado por uma variedade de miniaturas holandesas em prata. As mais atraentes são um berço e uma gôndola.
Depois da aposentadoria de Georg Sternberk como guia, em 1961, e sua morte quatro anos depois, a maior parte da família Sternberk mudou para a Áustria.
Em 1992, o filho de Georg, Philip, recuperou a posse do castelo por meio do programa de restituição do governo tcheco.
(LH)

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