São Paulo, domingo, 13 de agosto de 1995
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Espera por teste é de pelo menos 20 meses

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os exames de paternidade realizados pelo Imesc -uma autarquia ligada à Secretaria de Estado da Justiça- estão demorando 20 meses. Se o suposto pai não comparece, o caso volta ao final da fila.
Na semana passada, a professora Ana Lúcia, 27, e a filha, Ana Júlia, 3, viajaram 180 km desde o Vale do Paraíba para fazer testes marcados dois anos e meio atrás.
Soube em São Paulo -depois de 12 horas em jejum, exigido pelo exame- que o suposto pai não tinha aparecido. O teste será marcado para daqui a 19 meses. Até lá, Ana Júlia ficará sem pai e a mãe, sem o dinheiro da pensão.
``A demora na realização dos testes vem provocando danos sociais e psicológicos incalculáveis", diz a procuradora Margherita Mascarenhas Duarte.
Sebastião André de Felice, superintendente do Imesc, diz que cabe ao instituto dar respostas mais rápidas. ``Estamos conseguindo avanços, mas precisamos de mais técnicos", diz. No início do ano, a demora era de dois anos. Agora é de 19 meses.
Em muitos casos, quando a ação acaba, o filho tem mais de 21 anos e perdeu o direito à pensão. ``Essa demora cria situações traumáticas", diz o advogado Ailton Trevisan, 48. ``O Estado precisa investir na descentralização dos serviços e no credenciamento de laboratórios."
O Imesc diz que neste ano serão instalados laboratórios nas principais cidades do Estado, a começar por Ribeirão Preto (319 km ao norte de SP). Testes por DNA, que agilizam procedimentos, devem começar nos próximos meses.
Laboratórios privados realizam cerca de 3.000 testes anuais por DNA. ``Metade deles são solicitados pela Justiça", diz Manoel Benevides, do laboratório Genomic, de São Paulo. O Gene, de Belo Horizonte (MG), é o maior e tem laboratórios em várias capitais.
Os testes de DNA custam entre R$ 1.100 e R$ 1.500, três vezes mais que os exames sanguíneos.

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