São Paulo, domingo, 13 de agosto de 1995
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Mulheres e cotas

Não resta a menor dúvida de que toda espécie de discriminação deve ser combatida, seja ela contra mulheres, negros, homossexuais ou qualquer outro segmento. Há, contudo, milhões de dúvidas sobre a melhor forma de combater esse cancro social que é a segregação.
No caso específico da discriminação contra as mulheres, a ONU, com o apoio da primeira-dama, Ruth Cardoso, recomenda que se reservem 30% dos ``cargos públicos de decisão" para serem preenchidos unicamente por mulheres. São as chamadas cotas.
É inegável que as mulheres não ocupam postos de decisão na mesma proporção de seu peso no quadro populacional. Há até formas bem mais graves de discriminação, como salários inferiores para as mesmas atividades ou a simples preferência pelo homem, de certa forma até incentivada pela legislação (ele não engravida).
A segregação das mulheres no mercado de trabalho se torna ainda mais grave quando se consideram os dados do IBGE que demonstram que o número de mulheres que são ``chefes de família" vem aumentando bastante no Brasil.
Da constatação do gravíssimo problema social que é a discriminação contra as mulheres no mercado de trabalho à adoção da política de cotas em cargos públicos de decisão vai uma enorme diferença. Nos chamados cargos de decisão, que em geral requerem formação superior, as mulheres competem com os homens em muito melhores condições de igualdade do que em outras áreas, em que a discriminação é muito maior e seus efeitos muito mais perversos.
A luta pela igualdade dos sexos não é uma guerra para ser decidida em uma única batalha. Trata-se de um confronto longo, no qual a igualdade avança lenta, mas inexoravelmente. Para apressar o fim do conflito, a única solução realmente definitiva está na educação, não só para as meninas, mas também para os meninos.

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