São Paulo, segunda-feira, 14 de agosto de 1995
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Encontro cobra cumprimento de estatuto

DA REPORTAGEM LOCAL

Entidades de defesa da criança e do adolescente divulgaram anteontem documento em que cobram do poder público a efetiva implantação do Estatuto da Criança e do Adolescente.
O estatuto, válido para todo o território nacional, determina os direitos dos menores de 18 anos no país e estabelece as punições para menores infratores.
O documento elaborado pelas entidades foi entregue à secretária estadual da Criança, Família e Bem-Estar Social, Marta Godinho.
A secretária representou o governador Mário Covas no encerramento do Encontro Estadual sobre Criança e Adolescente, realizado em São Paulo.
Foram convidados a participar do evento representantes dos governos federal, estadual, municipal e do Congresso Nacional.
O governo estadual foi o único a atender o convite, o que decepcionou os organizadores.
``Isso mostra o descaso do poder público com a questão das crianças", disse Gilmar Carneiro, diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo.
Cerca de mil pessoas participaram dos dois dias do evento, que reuniu 194 entidades e fez parte do lançamento do Projeto Travessia.
Criado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo e pelo Banco de Boston, com apoio de entidades civis, o Travessia estabelece ações de auxílio a menores carentes.
No balanço feito pelos organizadores do encontro, o fortalecimento dos conselhos tutelares e de defesa dos direitos da criança foi identificado como prioridade para desenvolver trabalhos na área.
``Temos interesse em apoiar parcerias como a do Projeto Travessia, pois a questão da criança não é tarefa só do governo, mas de toda a sociedade", disse Marta Godinho.
O ex-deputado federal Aloizio Mercadante (PT-SP), que ajudou a elaborar o Travessia, disse que o projeto é ``um grito de alerta, um chamado à mobilização para a situação das crianças carentes".
Na primeira fase do projeto, o objetivo foi identificar os problemas de entidades que já realizam trabalho com meninos carentes.
Agora, será elaborado um plano de ação para a retirada de cerca de mil crianças que vivem nas ruas da região central de São Paulo.
O Banco de Boston está destinando US$ 100 mil para o primeiro ano do projeto.
``Talvez consigamos fazer um trabalho com impacto real, de forma que a sociedade perceba os resultados", disse Henrique Meirelles, presidente do Banco de Boston.
Numa próxima fase, o projeto poderá criar centros profissionalizantes próprios, quando essa necessidade for identificada.

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