São Paulo, segunda-feira, 14 de agosto de 1995
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Balanços mostram aumento nos lucros

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

Os primeiros 14 balanços divulgados de companhias com ações em Bolsa demonstram contínuo aumento nos lucros com o Real.
Análise da Austin Asis Consultoria mostra que o retorno sobre o dinheiro aplicado nas empresas passou de 2,70%, em junho de 94, para 8,50%, em março de 95, e para 9,30%, em junho de 95.
O aumento nos lucros no segundo trimestre de 1995 contraria os discursos das lideranças empresariais, que reforçam o pedido para que o governo baixe os juros, apontando para o desaquecimento da economia a partir de março.
Mário Alberto Coelho, diretor da Austin Asis Consultoria, observa que os efeitos dos altos juros, praticados desde o início do Plano Real, foram dramáticos para as empresas endividadas, mas proporcionaram aumento nos lucros (ganhos) para as companhias que trabalham com dinheiro próprio.
A análise da consultoria leva em conta o conceito estatístico da mediana, ou seja, os indicadores das empresas são colocados em ordem decrescente (do maior para o menor) e é encontrado um valor médio, eliminando-se distorções de índices muito baixos ou altos.
Pesquisa da Federação do Comércio do Estado de São Paulo chegou a resultado semelhante para empresas fechadas (sem ações em Bolsa): as empresas endividadas e as pequenas firmas estão em dificuldades e inadimplentes (atrasando pagamentos); as maiores companhias, que trabalham com capital próprio, encontraram maneiras de ganhar mercado e ampliar seus lucros.
O Plano Real afetou o desempenho das empresas endividadas e das relacionadas com o setor agrícola. Os preços agrícolas estão atualmente em média 20% abaixo dos custos do produtor, o que, segundo dados da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, estariam afetando as vendas de fornecedores industriais de adubos, defensivos, tratores e equipamentos e o comércio das pequenas e médias cidades do interior.
O presidente da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), Alvaro Augusto Vidigal, observa que a abertura da economia brasileira ao capital estrangeiro fez com que as empresas locais ficassem cada vez mais competitivas. As que fugiram dos altos juros dos empréstimos estão colhendo bons frutos, diz.
As análises dos primeiros 14 balanços de companhias abertas já divulgados confirmam as declarações do presidente da Bovespa.
O endividamento bancário em relação ao que a empresa coloca de dinheiro próprio na atividade produtiva das 14 empresas analisadas caiu de 33,60%, em junho de 1994, para 19,10%, em março de 1995, e 15,90%, em junho.
A evolução das vendas reais (acima da variação do dólar) em relação ao mesmo período do ano anterior passou de 6%, em junho de 1994, para 86,6%, em março de 1995, e 94,6%, em junho.
As grandes empresas com ações em Bolsa conseguiram, em geral, ficar longe da inadimplência das pessoas físicas, aumentaram ganhos operacionais (receitas menos despesas) e ampliaram a capacidade produtiva desde junho de 1994.

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