São Paulo, segunda-feira, 14 de agosto de 1995
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Livro sobre o blues inaugura coleção musical

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

Livro: Blues - Da Lama à Fama
Autor: Roberto Muggiati
Coleção: Ouvido Musical
Lançamento: Editora 34
Preço: R$ 22

``Blues: Da Lama à Fama" conta um pouco a história do blues e traça o perfil de seus principais personagens.
``A abordagem não é musicólogica, mas sociológica", avisa Muggiati, que inaugura a coleção Ouvido Musical, dirigida pelo jornalista e crítico musical Tárik de Souza.
O livro percorre a evolução do blues, de um gênero rural, essencialmente vocal, para um ritmo urbano, eletrificado.
``Misturando o seu grito primal com as canções de trabalho e com as canções de ninar, com a harmonia dos hinos religiosos e com a estrutura das baladas, o negro americano chegou ao blues, sua principal forma de expressão", escreve Muggiati.
O livro pode ser dividido em três partes. Os capítulos iniciais abordam o nascimento do blues. Os intermediários retratam alguns personagens emblemáticos.
Um capítulo é dedicado à Robert Johnson. Ídolo de guitarristas como Eric Clapton, Johnson deixou apenas 29 faixas gravadas, entre elas composições antológicas como ``Crossroads" e ``Sweet Home Chicago", além de uma lenda de um pacto com o demônio.
Os capítulos da terceira parte do livro mostram os flertes do blues com outros gêneros, como o jazz, e a paternidade de outros, como o rock'n'roll e o soul.
Escrevendo o livro, Muggiati descobriu que o berço do blues não é o delta do rio Mississipi, como se acredita, mas o de outro rio mais obscuro.
``O delta a que os bluesmen se referem, como uma espécie de país mítico, é o delta lamacento do rio Yazoo, que junta suas águas às do rio Mississipi nas proximidades de Vicksburg, região de inundações bíblicas onde camadas de lama vão se depositando a cada primavera", escreve Muggiati.
O livro aborda a temática do blues que transforma qualquer assunto mais palpitante em música, do naufrágio do Titanic à bomba atômica. Sem contar as clássicas canções dor-de-cotovelo.
Mas há problemas. O principal defeito é que o livro se concentra no passado. O guitarrista Robert Cray, que estourou em 86, é considerado ``sangue novo".
O blues britânico de Eric Clapton e John Mayall não tem o devido destaque. O capítulo sobre o blues no Brasil é pouco criterioso. E a discografia é preguiçosa.
Há outros deslizes não essenciais: músicas com título errado e fotos com identificação incorreta.
``Blues: Da Lama à Fama" já chegou às livrarias, mas o lançamento oficial está previsto para setembro, quando sairá um CD homônimo com texto e seleção musical feita por Muggiati.
O álbum terá 13 faixas com músicas de Robert Johnson, Bessie Smith, B.B. King, John Lee Hooker, Willie Dixon e Muddy Waters, entre outros.

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