São Paulo, segunda-feira, 14 de agosto de 1995
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O caso Econômico

Autoridades e economistas ainda discutem se haverá ou não recessão, se os vários problemas setoriais ou localizados podem já caracterizar uma ruptura econômica e financeira mais ampla -se os problemas, com minúscula, convergem num Problema, bem mais geral e engolfante.
Na última sexta-feira uma instituição bancária de porte, o Banco Econômico, acompanhada de outras, pequenas, viram esgotar-se sua capacidade de sobrevivência. Não se trata de julgar os acertos e desacertos desse ou daquele banco. Entretanto, mais que o caso específico, interessa nesse momento avaliar as condições mais amplas que em boa medida explicam a sucessão cada vez mais impressionante de concordatas e outras turbulências financeiras.
A economia brasileira está completando quase seis meses de arrocho creditício e juros elevados. O sistema de recolhimentos compulsórios completa o quadro de engessamento do sistema bancário. E as medidas da semana passada, restringindo as entradas de recursos externos, tolhem talvez uma das fontes dos lucros extraordinários dos intermediários financeiros.
O Banco Central procede com cautela e trata de examinar as crises bancárias caso a caso, dando a devida dimensão a cada problema.
Mas, nesse ambiente, é cada vez mais difícil separar com nitidez os problemas herdados (como as dívidas estaduais e os ativos podres dos seus respectivos bancos), os problemas novos (advindos do ambiente de arrocho creditício) e os problemas crônicos (bancos de pequeno porte que de fato jamais sobreviveriam sob um regime de inflação baixa).
Não está em curso uma crise bancária geral. Cada problema tem causas específicas e compreensíveis. Mas cada quebra, concordata ou dirupção financeira contribui para tornar o ambiente um pouco mais nervoso.

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