São Paulo, quinta-feira, 17 de agosto de 1995
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Covas diz que decisão enfraquece FHC

DA REPORTAGEM LOCAL

Os governadores de São Paulo, Mário Covas, e de Minas, Eduardo Azeredo, ambos do PSDB, condenaram o recuo de Fernando Henrique em relação ao Banco Econômico. Tasso Jereissati, do Ceará, também tucano, elogiou a decisão.
``Não foi uma boa solução. Em primeiro lugar, porque contraria o que até agora foi determinado. Em segundo, porque o reivindicador (Antônio Carlos Magalhães) apresentou isso como decisão política e não técnica", disse Covas.
Referindo-se a ACM como o ``senador baiano" e ``o reivindicador" do Econômico, Covas disse que o recuo enfraquece FHC.
``Sem dúvida nenhuma. Esse fato é inegável", disse, ao se referir ao enfraquecimento do presidente. O governador foi irônico ao comparar o tratamento dado ao Banespa -sob intervenção há sete meses- e ao Econômico.
``Eu sou do mesmo partido do presidente. Isso mostra a justiça por parte do governo", afirmou. ``Os amigos a gente trata com mais rigor". Covas lembrou que, junto com o Econômico, um banco paulista -o Comercial- também sofreu intervenção.
``O que eu devo fazer? Comprar o banco, estatizá-lo para que a intervenção não ocorra?", indagou. Segundo o governador, a solução para o Econômico corre o risco de instituir uma ``situação diferente" para cada Estado.
``Leio todo dia nos jornais que eu sou atrasado porque não quero privatizar o Banespa. De repente, um banco da Bahia tem problemas e a solução é estatizar?", declarou. Cobrou de ACM as denúncias que ele ameaçava fazer.
``Não sei se o senador desistiu da CPI que queria fazer, ou se já mudou seu conceito das pessoas do Banco Central, que eram portadoras de sérias desconfianças."
Covas disse que também se surpreendeu com o fato de a Norquisa, controlada pelo banco baiano, ter assumido o controle da Copene, fornecedora de insumos básicos do setor petroquímico.
O governador Eduardo Azeredo disse que ``não dá para negar que o processo caminhou na contramão da visão de um governo moderno". Segundo ele, há insatisfação na bancada tucana.
Azeredo também criticou ACM. ``Seu estilo de fazer política não está mais de acordo com a realidade do Brasil", disse.
Azeredo cobrou coerência do PFL sobre as privatizações. Citou o processo em seu Estado que deve culminar com a venda de um ``banco social" -o Credireal.
Em nota ontem, Azeredo diz aguardar ``uma solução responsável e consequente, sobretudo por parte daqueles que planejam assumir o controle da instituição".

``Coerência"
Já o governador Tasso Jereissati disse que a autoridade de FHC não ``ficou arranhada" com o recuo.
``Quem estatizou o Econômico foi o governo da Bahia e não o presidente FHC. A coerência de FHC está em não usar recursos públicos na questão", disse.

Colaborou a Agência Folha

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