São Paulo, quinta-feira, 17 de agosto de 1995
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Aposentadoria; Estatização do Econômico; A Bósnia é aqui; Deficientes carentes

Aposentadoria
``Protesto, com veemência, contra reportagem publicada na edição de 14/8 deste jornal e assinada pelo jornalista Xico Sá, o qual afirma estar eu apressando `processo de aposentadoria especial', ao lado de outras inverdades. Inicialmente, esclareço ao jornalista que a categoria médica não se inclui entre as beneficiadas por aposentadoria especial, como a que ele pertence, que pode desfrutar do benefício cinco anos antes das demais. Tampouco solicitei aposentadoria proporcional. Além de desinformado, o jornalista Xico Sá foi leviano insinuando que meu pedido de aposentadoria escamoteia receio vinculado à eventual aprovação de reforma previdenciária em tramitação no Congresso e que modifica a concessão das aposentadorias especial e proporcional. Caso sejam adotadas, nenhuma dessas alterações modificará o direito que me é assegurado pela Constituição, pois minha pretensão não se enquadra em qualquer das duas modalidades. Além disso, devo lembrar que solicitei o benefício antes do envio desse projeto ao Congresso, em janeiro e já na gestão do meu adversário político, o governador Miguel Arraes. Propositalmente, evitei adotar a providência antes dessa data para que não se alegasse estar eu em busca de favorecimentos da administração anterior, durante o mandato do meu aliado, o governador Joaquim Francisco. Lamentavelmente, o jornalista Xico Sá insiste em faltar com a verdade, afirmando também que, com a aposentadoria, receberei o equivalente aos meus atuais subsídios parlamentares, de R$ 8.000. Aposentado como médico pelo governo do meu Estado, nenhum privilégio terei, passando a receber o mesmo que qualquer profissional dessa categoria, cerca de R$ 900. Esclareço ainda não ter solicitado qualquer favorecimento ou ilegalidade, mas apenas o exercício de um direito constitucional, de aposentadoria, após ter integralizado 35 anos de serviço, ainda que a maior parte cumprindo mandato parlamentar."
Inocêncio Oliveira, líder do PFL na Câmara (Brasília, DF)

Resposta do jornalista Xico Sá - 1) O tipo de aposentadoria do deputado é considerado especial pelo governo por se valer de um privilégio, que é contar tempo de serviço não-trabalhado (20 anos, no caso), além de dois anos a título de licença-prêmio; 2) A reportagem não insinua que ele vá se aposentar antes da reforma da Previdência. Apenas contextualiza o caso, registrando que a reforma está paralisada e que pretende eliminar esse tipo de aposentadoria; 3) Em nenhum momento o texto diz que ele obteve qualquer tipo de privilégio do governo de Pernambuco; 4) A reportagem não afirma que ele vai se aposentar com salário de deputado, diz apenas que tem esse direito.

Estatização do Econômico
``Com a solução relâmpago do Banco Econômico tive a certeza de que Deus é brasileiro, é baiano e conhecido entre nós mortais como ACM. Axé!"
João Elisio Fonseca (São Paulo, SP)

``Viva ACM, imperador do Brasil! Viva FHC, rainha da Inglaterra!"
Juarez da Silva Campos (Pedregulho, SP)

``FHC, deveria governar sempre vestido com aquela roupa com que recebeu o título de doutor `honoris causa' em Coimbra. Combina com ele. É todinho `honoris causa', inclusive como presidente, já que o presidente de fato atende por outra sigla: ACM. Aliás, descobri o que significa a sigla FHC: Fernando Honoris Causa."
Mouzar Benedito (São Paulo, SP)

``Na época da série de TV `O Bem-Amado', mesmo à distância Odorico Paraguaçu se postava em continência quando se dirigia, mesmo telefonicamente, ao governador do seu Estado. Dava para perceber de quem se tratava. Odorico morreu, ressuscitou, foi afastado da TV, mas seu governador continua em atividade hoje, mandando mais do que nunca. Os últimos acontecimentos envolvendo o Banco Econômico mostraram que, se Odorico morreu, seu substituto e herdeiro está mais vivo do que nunca, prestando-se ao papel de reverenciar um político que já deveria estar recolhido ao anonimato. Ergue essa cabeça, Fernando Henrique! Ou, então, assuma de uma vez o seu papel de ficção e bote o chapéu branco do Odorico nela..."
Roberto Antonio Cera (Piracicaba, SP)

``Quero parabenizar a jornalista Monica Waldvogel pela pergunta direta e objetiva efetuada ao sr. ACM sobre se sua atitude de desistir de fazer denúncias contra a diretoria do Banco Central não caracterizava chantagem."
Tabajara de Toledo Leite (São Paulo, SP)

``Parabéns FHC: nem só a esquerda é burra; o seu governo também, e a direita, lógico, é a única esperta. Descobriu-se com o advento do Banco Econômico qual é a verdadeira modernidade pregada na campanha: privatizar o lucro para poucos e estatizar o prejuízo para o povo. Gostaria de contribuir com uma sugestão: deixar o Loyola se demitir por vergonha e colocar o Ângelo Calmon de Sá no seu lugar, já que o ACM tem de ficar no trono de rei, agora não só da Bahia, mas da republiqueta do Brasil. E depois a inflação é provocada pelo consumo do povo!"
Walter de Morais Junior (São Bernardo do Campo, SP)

``Enquanto ACM viver, a Bahia será o centro das decisões políticas. O caso Econômico -com o vergonhoso recuo de Fernando Henrique- mostrou, mais uma vez, que estamos ainda no regime de capitanias hereditárias, escamoteado em democracia oligárquica, onde o presidente eleito fará sempre o que o rei da cocada mandar. E o povão, boquiaberto, sem saber `o que é que a baiana tem'."
Flávio Tallarico (Descalvado, SP)

``A memória histórica da Folha, infelizmente, está curta. Entre 1975/77, no governo Geisel, os cheques administrativos emitidos pelo Banco Econômico, conforme cópias mostradas neste jornal, eram devolvidos pelo Bacen. Duas décadas passadas, onde o imperialismo da Bahia (leia-se ACM) ainda impera, a situação de insolvência dessa instituição financeira é a mesma. Gostaria de rever a reportagem, com as referidas cópias do embuste da época."
Julio Edison Lagini (Sumaré, SP)

``Os arautos da modernidade e defensores do Estado mínimo, capitaneados pelo liberal ACM, pressionaram e conseguiram a estatização do Banco Econômico. FHC cedeu à chantagem do senador baiano demonstrando quem realmente manda no governo federal. O rei está nu e todo mundo sabe disso."
Irineu Mário Colombo, deputado estadual pelo PT-PR (Curitiba, PR)

A Bósnia é aqui
``Absurdo. Enquanto o sr. Alex Gavriloff (Folha, 14/8) defende a vinda de sérvios, croatas e bósnios perseguidos nos Bálcãs, o Judiciário e o Executivo estão unidos no extermínio de agricultores brasileiros sem-terra. Com a conivência de um Legislativo impotente para impedir que a reforma agrária não seja mais que promessa eleitoral que sabe não poder cumprir."
Adair Dinarte (Belo Horizonte, MG)

Deficientes carentes
``Diferentemente do que o resumo de nossa carta leva a crer, não afirmamos que a maioria dos 15 milhões de deficientes do Brasil é constituída por portadores de deficiência profunda, com incapacidade total para o trabalho. Afirmamos, isso sim, que a maioria encaixa-se no critério de pobreza e de incapacidade para o trabalho exigido pelo governo para ter direito ao `benefício' de R$ 100 mensais, em virtude do total abandono a que foi relegada pela sociedade e por todos os governos deste país, aliado ao fato de que, no Brasil, 51,3% de toda a renda está concentrada nas mãos de apenas 10% da população. Dados da OMS afirmam que apenas 2% desses 15 milhões de deficientes recebem algum tipo de atendimento, quer seja público ou privado. Diante disso, é óbvio que a maioria, independentemente do grau de severidade ou tipo de deficiência, vai estar despreparada para o trabalho."
Ana Maria Morales Crespo, coordenadora-geral do Núcleo de Integração de Deficientes (São Paulo, SP)

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