São Paulo, terça-feira, 22 de agosto de 1995
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Diretor revoluciona produção portuguesa

DE LISBOA

Com o filme ``As Armas e o Povo", Glauber Rocha ajudou a mudar a forma como se fazia cinema em Portugal. ``Ele teve muita influência em termos de enquadramento e na forma de filmar os acontecimentos. Foi fundamental para o desenvolvimento da técnica de filmagem", conta o diretor português Manoel da Costa e Silva, que participou no filme.
O longa foi o resultado da ocupação do sindicato que existia antes da revolução. ``Nós assaltamos o sindicato e tomamos conta do equipamento. Decidimos que íamos filmar o primeiro de maio, que para nós era completamente desconhecido", lembra Fernando Matos Silva, que montou o filme.
O filme surgiu de uma reunião do Sindicato dos Trabalhadores da Atividade Cinematográfica. Os diretores se dividiram em equipes e foram para a rua filmar.
``Glauber escolheu o Rossio e os bairros degradados da periferia de Lisboa", conta Fernando. Segundo Fernando, a grande contribuição de Glauber para o filme foi a realização de entrevistas: ``Ele assumiu as entrevistas como uma forma direta de intervir, enquanto nós fazíamos imagens de grandes planos.".
Mesmo com o material filmado antes do primeiro de maio de 74, ``As Armas e o Povo" só ficou pronto em 1975. ``O filme demorou para ser montado porque dependia do tempo que nós tínhamos", diz Fernando.
As primeiras imagens do filme foram feitas por Fernando na própria manhã do 25 de abril. ``Eu estava ligado ao movimento e saí às 6h30 da manhã para filmar. Uma das coisas curiosas que fiz foi mandar os operários para casa, explicando que tinha acontecido uma revolução e eles não precisavam ir para o trabalho".

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