São Paulo, quarta-feira, 23 de agosto de 1995
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Locadoras tentam se adaptar ao rodízio

DA REPORTAGEM LOCAL

Responsáveis por locadoras de automóveis da cidade estão reclamando do rodízio de carros a ser adotado em caráter experimental na próxima semana. A principal crítica feita é a dificuldade para se adaptar ao rodízio, só alugando carros com as placas cuja circulação é permitida naquele dia.
``O rodízio criaria um inferno no sistema operacional das locadoras, muitas teriam que fechar suas portas", diz Mônica Rossi, 32, diretora executiva da Budget Brasil.
``Nós temos contratos longos, de mais de um dia de locação, e não temos como dizer ao cliente para pegar um carro e trocar por outro depois", afirma Mônica.
Ela defende que carros para aluguel fiquem fora do rodízio. O esquema será adotado na segunda-feira em caráter experimental para controlar a poluição e prevê que nesse dia não circulem na região metropolitana de São Paulo veículos com placas de final 1 e 2.
No dia seguinte, não circularão os que tiverem finais 3 e 4 e assim por diante, até a sexta-feira. No ano que vem, o rodízio pode ser adotado em caráter oficial e haverá multas para quem desobedecê-lo.
``Trabalho no centro e sofro com a poluição, mas somos prestadores de serviço e não temos como entrar no rodízio. Deve haver critérios diferentes para quem trabalha com locação de veículos, como um identificação específica nos carros", diz Mônica.
Nicolau Reze, 58, presidente da Abla (Associação Brasileira das Empresas Locadoras de Veículos), também defende tratamento diferenciado para as locadoras. Segundo ele, se fosse definitivo, o rodízio causaria ``prejuízos incalculáveis". ``Muitas locadoras têm lotes de carros com um único final de placa, pois os veículos foram emplacados no mesmo mês. Como elas fariam para alugar?"
Reze diz que a Abla tem orientado seus associados para colaborar com o rodízio ``na medida do possível". Segundo ele, após a semana de teste do rodízio a associação fará uma pesquisa para avaliar os prejuízos causados e discutir medidas para o ano que vem.
A associação tem 110 filiados em São Paulo. A Abla estima que circulem por dia na cidade cerca de 3.000 veículos alugados.
A Unidas Rent-A-Car vai obedecer o rodízio. Segundo a assessoria da empresa, os veículos cujos finais de placas estejam proibidos de circular não estarão disponíveis para locação.
Se o cliente alugar na segunda-feira, por exemplo, um carro por cinco dias, e a circulação com aquele final de placa estiver proibida na quarta-feira, ele poderá trocar o veículo por outro e ficar com o segundo até a sexta-feira.
A Avis vai tentar direcionar os carros disponíveis para locação de acordo com os finais de placa.
``Vamos remanejar carros e dar preferência para o aluguel dos que tiverem placas liberadas para circulação. O problema é que se o cliente alugar por mais de um dia, não temos como trocar o carro", afirma Hélio Martins Neto, 32, gerente de Marketing da Avis.
"O rodízio pode aumentar a procura pela locação, uma vez que quem tem carros terão que deixá-lo em casa um dia por semana", diz.
Para Neto, o cliente é que deve se preocupar em obedecer a legislação vigente. ``Afinal, se há uma proibição de circulação e o cliente resolver infringir, ele é o responsável. Se tomasse multa, quem teria que pagá-la".
Quem pensa em alugar um carro para "driblar" o rodízio deve se preparar para pagar, por exemplo, R$ 46 de diária por um Gol 1.000 ou um Uno Mille (preço das Unidas do Aeroporto de Guarulhos).

AVIS - Tel. 258-8833; UNIDAS - Tel. 256-2233; BUDGET - Tel. 256-4355.

LEIA MAIS
Sobre o rodízio de automóveis à pág. Esp. A-2.

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