São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 1995
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Monsenhor aponta atrocidade

FERNANDO MOLICA
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Em relatos enviados à reunião do Conselho Permanente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), o monsenhor José Maria e o bispo de Guajará-Mirim (RO), d. Geraldo Verdier, classificam de ``bárbara" a atuação da Polícia Militar no conflito ocorrido em Rondônia.
Hoje ou amanhã, os integrantes do Conselho Permanente da CNBB deverão divulgar nota sobre o episódio. O conselho está reunido em Brasília desde anteontem.
Ele afirmou que, em conversa com os sobreviventes, foi informado de que eles foram obrigados pelos soldados a passar um dia inteiro deitados, expostos ao sol. ``Se levantassem a cabeça, eram chutados pelos soldados, que bufavam: `Lugar de focinho de porco é no chão"'.
José Maria afirmou que, no último dia 10 (a invasão da fazenda pela PM ocorreu na madrugada do dia 9), ele foi à delegacia de polícia, na qual 60 pessoas estavam presas. O monsenhor afirma que constatou que os detidos eram tratados de forma ``desumana e brutal" pela polícia.
Em seu relato, d. Geraldo Verdier relata como encontrou, em restos de uma fogueira, pedaços de ossos, que seriam de pessoas mortas em conflitos.

Enterro
O bispo critica também o fato de vítimas terem sido enterradas como indigentes em Vilhena, cidade localizada a 90 quilômetros de distância da área em que ocorreu o conflito.
Citando um relatório da comissão de parlamentares que esteve na região, d. Geraldo ressalta que um dos mortos ``ficou absolutamente irreconhecível, com sua estrutura craniano-facial totalmente destruída e deformada por grandes ferimentos abertos".
Em seu relato, o monsenhor José Maria afirmou que um dos posseiros sobreviventes foi obrigado a comer parte do cérebro de um dos agricultores mortos.

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