São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 1995
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Medida seria uma alternativa a juros altos

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A possibilidade de cobrança de um empréstimo compulsório para conter o consumo foi incluída no projeto de reforma tributária do governo, enviado ontem ao Congresso, como uma alternativa às taxas elevadas de juros.
No primeiro semestre do ano, o governo teve de lançar mão das taxas de juros como remédio disponível para conter o consumo e o crescimento acelerado da economia, estimado em 8% do PIB (Produto Interno Bruto).
Ao decidir abrir caminho para o compulsório, o governo pode pretender evitar os efeitos colaterais que a alta dos juros tem sobre a economia, principalmente sobre o crescimento da dívida da União e os gastos com o financiamento dessa dívida.
No projeto de emenda constitucional, o novo compulsório seria instituído, literalmente, ``em razão de conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo".
Em outras palavras, isso significa reduzir o poder de compra da população.

Omissão
O funcionamento do tributo não é tratado no texto da emenda à Constituição.
Os detalhes só seriam definidos em lei complementar -que exige os votos favoráveis de metade mais um dos 513 deputados e dos 81 senadores.
Apesar de o ritmo de crescimento da economia já ter caído nos últimos meses, o governo decidiu incluir o dispositivo no projeto de reforma tributária. Foi um dos últimos acréscimos feitos à proposta.
Para viabilizar a aplicação rápida do compulsório, caso decida mesmo lançar mão desse recurso, o governo propôs a mudança de outro artigo da Constituição, que proíbe a cobrança de impostos no mesmo ano de sua criação.
A proibição continuaria valendo apenas para impostos sobre renda e patrimônio e operações financeiras.

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