São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 1995
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Rio pode ter epidemia de tuberculose

RITA FERNANDES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O Rio pode enfrentar uma epidemia de tuberculose nos próximos anos, segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde. A previsão é que sejam registrados até 17 mil novos casos em 1995.
Acima de 19 mil, a secretaria já pode considerar o quadro epidêmico. Em todo o Estado, a taxa registrada tem sido de 70 doentes por cada 100 mil habitantes.
O município do Rio é o que apresenta a maior incidência da doença. Em 1994, chegou-se ao número de 160 casos por cada 100 mil habitantes. Este número deve se repetir este ano, segundo projeções dos técnicos da Secretaria Municipal da Saúde.
A tuberculose, uma doença que ataca os pulmões e se caracteriza por tosse permanente e emagrecimento súbito, começou a aumentar no início da década, quando foram registrados 10 mil novos casos. De 1990 para 1994, houve um crescimento de 60% da doença.
Segundo o coordenador do Programa de Saúde da secretaria, Vitor Berbara, 39, esse crescimento se deve principalmente à interrupção do tratamento, que dura seis meses, por parte dos pacientes.
``Quinze dias após o início do tratamento, o paciente sente a melhora. Na maior parte das vezes, ele é atendido longe de casa e acaba abandonando o tratamento, por achar que está curado", explicou.
Esse doente que interrompe o tratamento não tem sido apenas um agente de contaminação, segundo Berbara. Ele tem sido responsável pelo desenvolvimento de uma forma mais resistente da doença.
A MDR (Multiple Drugs Resistence), uma forma de tuberculose resistente aos medicamentos existentes, foi detectada, há cerca de três anos, principalmente nesses pacientes que não completaram o tratamento e nos portadores do vírus da Aids.
A Secretaria Estadual da Saúde do Rio já está implantando um novo programa de combate à tuberculose. Treze novos postos de saúde estão sendo construídos na Baixada Fluminense (região metropolitana do Rio) para facilitar o acesso dos doentes.
O programa prevê também treinamento específico sobre a doença para agentes de saúde, enfermeiros e médicos (principalmente clínicos e pediatras).
``Precisamos vencer o estigma que a doença ainda carrega. Esse trabalho deve começar nos postos junto com o próprio paciente. Tuberculose é uma doença séria, sim, mas que tem cura", disse Berbara.

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