São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 1995
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Violência gera interdição de estádio e congestiona a tabela do Brasileiro

MARCELO DAMATO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Contru (Departamento de Controle do Uso de Imóveis) interditou ontem o estádio do Canindé (zona norte de São Paulo), horas antes da partida Portuguesa x Santos, marcada para as 20h30, pelo Grupo B do Campeonato Brasileiro.
A interdição foi decidida após uma vistoria realizada em conjunto pelo Contru, comando do 2º Batalhão de Choque da Polícia Militar e pelo presidente interino da Federação Paulista de Futebol, Rubens Aprobatto.
No final da tarde, a Confederação Brasileira de Futebol definiu o jogo para o dia 4 de outubro, no mesmo local.
O Contru, órgão da Secretaria Municipal de Habitação, apontou que no Canindé existem blocos de concreto soltos, que poderiam ser usados numa eventual briga de torcidas. O diretor do Contru, Carlos Alberto Venturelli, chegou a dar um chute num muro, para mostrar que havia concreto solto.
Outra vistoria negou ao São Paulo o aumento em 5.000 lugares da capacidade do Morumbi.
No domingo passado, torcedores de Palmeiras e São Paulo travaram uma batalha de paus e pedras no Pacaembu, após a final da Supercopa SP de Juniores. Os paus e pedras estavam num monte de entulho formado pela reforma no tobogã, uma da arquibancadas do estádio.
Como saldo da briga, houve 102 feridos -22 PMs e 80 torcedores, dos quais um está internado em estado de coma profundo.
A briga levou a Secretaria Municipal de Esportes (Seme) a anunciar duas medidas.
A primeira foi a decisão da não mais participar da organização da Supercopa SP de Juniores nem da Copa SP de Juniores -esta acontece em janeiro e nos dois últimos anos houve casos de violência entre torcedores.
A segunda foi o afastamento de Luis Alfonso de Andrade, o ``Luisão" do cargo de administrador do estádio do Pacaembu.
Hoje às 12h30, está prevista nova vistoria no estádio -o Contru exigiu a remoção do entulho e a reconstrução e reforço na estrutura do alambrado.
O Parque Antarctica deve passar pelo exame amanhã e também corre o risco de ser fechado.
Ontem à noite, deveria ter entrado em vigor determinação que impede a presença nos estádios de faixas e bandeiras que identifiquem torcidas organizadas.
O presidente da Portuguesa, Manoel Gonçalves Pacheco, qualificou a interdição de ``palhaçada". Ele atacou o fato de a vistoria ter sido feita no dia do jogo.
Venturelli disse que a partir de agora haverá vistoria antes de todos os jogos com previsão de público de pelo menos 70% da capacidade do estádio.

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