São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 1995 |
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`Babe' faz sucesso sem recorrer à idiotia
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
No caso da produção australiana ``Babe", os dois milagres acontecem. A incrível história do porquinho falante que tinha o sonho de ser um cão pastor de ovelhas está há sete semanas entre os dez filmes mais vistos nos EUA, com renda semanal em torno de US$ 6 milhões. Só nesse período e neste país, já pagou com lucro os US$ 25 milhões de sua produção. ``Babe" é inteligente, criativo, engraçado, bem-dirigido, tem efeitos especiais inacreditáveis e ainda consegue ser pedagógico. A moral da história é a seguinte: com bons modos, sensibilidade, persistência e um pouco de sorte, tudo é possível. Até um porco ganhar o concurso de melhor cão pastor de ovelhas da Austrália. Babe e o fazendeiro Hogget cultivaram uma amizade difícil, construída à primeira vista, quando o porquinho fez xixi no pé do homem numa feira de interior, na qual o bichinho estava sendo oferecido como prêmio de rifa. Em vez de engordar o porquinho e servi-lo na ceia de Natal, Hogget se deixou afeiçoar pelo animal, que acabou virando de estimação. O sentimento do fazendeiro cresce quando, graças a Babe, Hogget consegue salvar a maior parte de seu rebanho de um bando de ladrões. Hogget é considerado um velho em decadência pela família. Desconfortável com a vida do final do século, reanima-se graças a Babe, embora a amizade dos dois reforce as desconfianças familiares de que o fazendeiro estava perdendo o juízo. Babe é representado por 48 porcos treinados durante suas primeiras semanas de vida e por um robô, que só aparece em 5% das cenas. Além dele, um bando de cães, patos, ovelhas, galos, gatos são os astros do filme. A função de coro que une os episódios do filme é desempenhada por um delicioso grupo de ratinhos. O diretor é Chris Noonan, mas o pai do projeto, que levou dez anos para ser realizado, é o produtor George Miller (da série ``Mad Max"). Noonan é muito mais sofisticado do que outros que no passado usaram fazendas e bichos para criticar a sociedade humana, inclusive George Orwell. ``Babe" agrada às crianças, que são afinal o seu público-alvo. Mas até adultos sem a obrigação de arrumar programa cultural para seus pimpolhos podem se divertir com esse estimulante e agradável filme. Texto Anterior: Coluna Joyce Pascowitch Próximo Texto: Projeto Pixinguinha virá a SP no próximo mês de outubro Índice |
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