São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 1995
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Relação com EUA é a pior em 16 anos, diz China

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A agência de notícias do governo da China disse ontem que as relações de seu país com os EUA estão no ``seu ponto mais baixo" em 16 anos.
O governo dos EUA minimizou a avaliação e centrou foco na missão que o subsecretário de Estado Peter Tarnoff iniciou na China.
Porta-voz do Departamento de Estado disse à Folha que ``é evidente a existência de áreas de atrito e preocupação" entre os países.
Mas insistiu que Tarnoff, amigo pessoal do presidente Bill Clinton, vai tratar delas. Afirmou também que o subsecretário vai preparar encontros de ``nível superior" entre autoridades dos dois países.
O comentário da agência de notícias ``Xinhua", que expressa as opiniões do governo chinês, acusa os meios de comunicação de massa dos EUA. ``Eles (os meios de comunicação) caluniam a China, dizendo que ela é o novo império do mal", afirma a ``Xinhua".
Diz ainda que a Guerra Fria entre China e EUA pode recomeçar e que os norte-americanos querem ter ``hegemonia sobre o mundo".
Hoje, a agência informou que a Justiça chinesa condenou o ativista sino-americano Harry Wu a 15 anos de prisão e determinou sua expulsão do país por espionagem.
Reportagem do jornal ``Los Angeles Times" havia dito que Wu, um dos líderes do movimento em defesa dos direitos humanos na China, preso desde 19 de junho, seria libertado para possibilitar a presença da primeira-dama Hillary Clinton na Conferência Mundial da Mulher, em Pequim.
Wu tem dez dias para apelar, disse a ``Xinhua", prazo que coincide com o início da conferência.
Hillary quer participar do encontro, patrocinado pela ONU a partir de 4 de setembro, mas integrantes do governo dos EUA acham que ela não deve ir enquanto Wu estiver preso. A Casa Branca exigiu a imediata libertação do ativista.
Os principais líderes da oposição ao governo Clinton têm argumentado que uma viagem de Hillary à China agora representaria um endosso dos EUA às violações de direitos humanos naquele país.
Apesar de pertencer ao Partido Republicano, de oposição, o ex-presidente George Bush (1988-92) confirmou ontem que vai à China em setembro.
Bush, que na década de 70 preparou o reatamento das relações entre os países como enviado especial do presidente Richard Nixon, vai participar de um congresso sobre políticas de alimentação.
Seus colegas de partido dizem que a situação de Bush é diferente da de Hillary Clinton. Afirmam que ele viaja em caráter privado, enquanto ela é a primeira-dama e representa o governo de seu país.

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