São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 1995
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Risco de empulhação

O estilo, o ritmo e o conteúdo das ações do governo no trato da crise do banco Econômico deixam ainda muito a desejar. Um exemplo disso é a nota, divulgada às dez da noite da última terça-feira, depois de concluída uma reunião com representantes da Febraban, prometendo a montagem de um mecanismo de seguro de depósito.
A nota prima pela ambiguidade e pela imprecisão, como se fosse urgente sair da reunião com alguma coisa. O governo diz optar por um mecanismo provisório, que vai durar até a regulamentação do artigo 192 da Constituição Federal. Mas esse artigo já espera há sete anos por regulamentação. Parece difícil, para dizer o menos, acreditar que o provisório será, de fato, transitório.
A nota avança ainda mais no terreno do imponderável ao afirmar que o fundo para o seguro contará com um ``fluxo de contribuições" que ninguém sabe de onde virá, pois ``as características do mecanismo estão no presente momento sendo definidas pelo Banco Central do Brasil, em consulta com instituições integrantes do sistema financeiro nacional". Mas a nota não saiu, às dez da noite, justamente após consulta com as instituições?
Para piorar as coisas, ontem o presidente do BC afirmou que os recursos para o seguro deverão mesmo provir do Tesouro Nacional, contrariando frontalmente o compromisso assumido pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
São oportunas as declarações do economista Luís Paulo Rosenberg a esta Folha: ``Quanto mais privatizado estiver o sistema bancário, mais saudável. Se pegar dinheiro do governo, é uma empulhação."

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