São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 1995
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Ingressos mais caros; Mancha Verde; Desaparecidos; Canja chique;

Ingressos mais caros
``Se o sr. Juca Kfouri não tem uma solução para resolver o problema da violência nos estádios de futebol, não é obrigado a `inventar' uma, como o preconceituoso aumento do preço dos ingressos ou a `genial' de colocar d. Paulo Evaristo Arns no meio das torcidas para inibi-las. Ou Juca perdeu o juízo ou tem alguma coisa contra d. Paulo."
Liane Rossi (São Paulo, SP)

``Sempre admirei o jornalista Juca Kfouri em razão do seu talento e, principalmente, pela dignidade que sempre demonstrou, ou melhor, quase sempre. O escorregão deu-se na última segunda-feira nesta Folha quando, abordando a selvageria do jogo de juniores entre São Paulo e Palmeiras, foi tomado por um rasteiro sentimento de preconceito de classe ao pregar que a violência nos campos de futebol é ocasionada, na maioria das vezes, pelos pobres. Conclusão feita, solução simples: é só acabar com os jogos gratuitos e aumentar o preço dos ingressos. Assim a gentalha, ou o lúmpen (termo que utilizou), fica em casa, e aquele que tem dinheiro vai para o estádio. Supostamente vítima de perseguição do presidente afastado da FPF Eduardo José Farah, tendo perdido o emprego na Editora Abril por isso, Juca se aproximou, com sua `solução de limpeza étnica', do seu perseguidor. Já assisti a muitos jogos gratuitos, nem por isso rachei ou tive a cabeça rachada."
Washington Luiz de Araújo (São Paulo, SP)

``Sugerir que os ingressos para partidas de futebol aumentem a tal ponto que apenas os de melhor poder aquisitivo possam pagar é `elitizar' um esporte originalmente popular. Segurança pública e educação são direitos constitucionais adquiridos. Por favor, não vamos aumentar o número de excluídos, seja em qual segmento for."
Johnny Flávio B. Alves (Guarulhos, SP)

``Apóio integralmente a idéia de Juca Kfouri de que se aumente o preço dos ingressos e que o futebol, assim como o boxe internacional, o basquete, o vôlei, enfim, todos os esportes de preferência mundial, sejam elitistas. Entendo perfeitamente que o povo precisa de pão e circo, mas, se esse povo acompanha todo esse circo pela televisão, por que não o futebol? Nós estamos nos rendendo às famigeradas torcidas organizadas que não passam de verdadeiros assassinos com instintos nazistas. Não é mais possível que tanto eu quanto o amigo tenhamos de rezar para que os nossos filhos não emparelhem ou cruzem seus veículos ao lado dos ônibus que transportam gratuitamente essa canalhada. Preocupam-me também os trabalhadores menos favorecidos que têm de dividir o metrô ou a calçada com esses vândalos."
Marcos Catap (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Juca Kfouri - Em nenhum momento culpei os pobres pela violência. Até lamentei que eles venham a ser excluídos. O que precisa ficar claro é que o trabalhador, torcedor comum, de pouco poder aquisitivo, há tempos já não frequenta os estádios porque os locais populares onde ele poderia estar hoje são ocupados pela hordas marginais das torcidas organizadas.

Mancha Verde
``Um atentado ao civismo o depoimento do presidente da Mancha Verde (Folha de 23/8) que, em declaração anterior, afirmou: `Seria melhor decretar logo o estado de sítio', em revide à proposta de desuniformizar as torcidas. É lícita a indagação: existe vida inteligente nas torcidas uniformizadas?"
Antônio Carlos de Sousa (São Paulo, SP)

``Fiquei emocionado com o depoimento do sr. Paulo Serdan, presidente da Mancha Verde. Uma sugestão aos 80 mil jovens que correm o risco de não ter em que acreditar: que tal acreditar na educação, no trabalho, no respeito às pessoas? Não é um bom começo?"
Edenilson de Almeida (Londrina, PR)

Desaparecidos
``General sai da ativa por discordar de indenização a familiares de desaparecidos políticos. Durante o regime militar os que incomodavam foram retirados à força -de suas vidas. O verdadeiro estado de Direito impõe nova regra: os incomodados que se retirem -de seus cargos."
Tarcisa A. Marques Porto Uliano (São Paulo, SP)

``O que a nação precisa saber é se esses generais, coronéis e outros militares envolvidos com atos criminosos quando da ditadura teriam igualmente torturado suas próprias mães, àquela época, no `estrito dever de cumprir ordens'."
Sergio Malta (Rio de Janeiro, RJ)

Canja chique
``Veterano jornalista e contumaz leitor desta Folha, cumprimento Arnaldo Jabor pelo estilo escorreitíssimo e saudável indignação no artigo `Eu tomei a canja chic de 13 galinhas' (22/8). É, sem favor, obra-prima que Eça assinaria."
Moacir Japiassu (São Paulo, SP)

Feminização da pobreza
``Cumprimentos pelo editorial da Folha intitulado `Jornada aviltante' (20/8), denunciando a discriminação contra a mulher. Um dos fatores que comprovam a `feminização da pobreza' é o alto índice de crianças e adolescentes exploradas sexualmente; estima-se que 500 mil meninas são vítimas da prostituição infanto-juvenil no Brasil. Lugar de criança é em casa e na escola e não em ruas e boates vendendo o corpo para sobreviver."
Adriano Bardou Martins (Curitiba, PR)

Sincretismo indesejado
``É profundamente preocupante para a nossa Igreja que um de seus mais ilustres cardeais, no caso d. Evaristo Arns, assuma atitudes como a que foi divulgada no dia 20/8 pelo `Fantástico', da TV Globo. Não somente pelo tom desafiador à autoridade do santo padre, mas pelo ridículo a que submete toda a comunidade eclesial, quebrando a seriedade da celebração da santa missa com a indesejável inserção de ritos sincréticos, sob o rótulo permissivo de `inculturação'. Nós não estamos na África, nem na China ou na Índia para assimilarmos de forma deformadora essas mudanças, que não representam progresso ou modernidade, mas desrespeito à liturgia da Igreja Católica, desfigurando-a com sinais inconfundíveis de terreiros de umbanda e quimbanda, formas de espiritismo condenadas pelo Senhor na Bíblia. Esperamos que a Nunciatura Apostólica e o cardeal Eugênio Sales, ocupante de cargos importantes na Cúria Romana, tomem alguma providência a favor da preservação da nossa fé, comprometida com a importação do sincretismo religioso vigente na África, apenas tolerado pelo papa João Paulo 2º em sua visita àquele continente. Acontece que nós brasileiros estamos situados na América e a nossa cultura não é exclusivamente negra. Respeitemos a cultura brasileira."
Antonio Lucena (Campina Grande, PB)

Poluição
``Em agosto de 1987 escrevi à Folha sugerindo algumas medidas para minimizar o grave problema da poluição na capital. Não só a carta não foi publicada como, o que foi pior, nenhuma medida foi adotada. Insisti com nova carta em maio de 1989 e, infelizmente, tudo se repetiu. Vejo hoje, oito anos depois, a situação tremendamente agravada a ponto de o secretário do Meio Ambiente anunciar a criação do rodízio de automóveis na região metropolitana, uma das minhas sugestões. Antes tarde do que nunca! Mas que perdemos quase uma década, não resta a menor dúvida."
William Maluf (Angra dos Reis, RJ)

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