São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 1995
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Covas responde

JOSIAS DE SOUZA

BRASÍLIA - Mal chego à redação e bate o telefone. Era Mario Covas, aborrecido com comentários feitos aqui ontem sobre o Banespa. Anotei que, a exemplo de ACM, Covas superpolitiza um caso técnico.
``Até hoje tratei do problema de forma técnica, talvez até erradamente", afirma Covas. ``Não tive do Banco Central nem a consideração de receber um balanço dizendo o que encontraram lá (no Banespa)."
``Leio nos jornais declarações do sr. Loyola (presidente do BC) de que o Banespa deve ser privatizado de qualquer jeito", prossegue. ``E vejo um esforço, reuniões com os maiores banqueiros, para resolver o problema do Econômico."
Covas acrescenta: ACM ``busca um esquema que evite perguntas sobre as responsabilidades. Aqui, desde que assumi, pergunto quem são os responsáveis. Durante oito anos, quando a safadeza foi feita (governos Quércia e Fleury), houve o beneplácito do Banco Central."
Por ``pudor e orgulho", o governador diz não ter trocado uma única palavra com Fernando Henrique sobre o Banespa. Esteve no Planalto há uma semana. Mas só falou com José Serra.
``Há sete meses que falo baixo", diz. ``E olha que encontraria eco se gritasse. Recebi líderes de todos os partidos, do PPR ao PT. Todos contra a privatização."
Covas deve encontrar-se hoje com Loyola. A conversa será difícil. Perguntará, por exemplo, por que o Banespa, sob o tacão do BC, enviou dinheiro para socorrer o Econômico. ``Pelo menos uma remessa houve."
Reforçará proposta de pagamento de um terço dos US$ 12 bilhões que o Estado deve ao Banespa. Pedirá o refinanciamento do restante do débito e a suspensão da intervenção no banco.
Admite a venda pulverizada de ações à iniciativa privada desde que o Banespa não perca a condição de ``banco público". Juntos, Estado e funcionários controlariam a maior parte das ações.
O governador acha uma ``bobagem essa história de que banco estadual é uma excrescência". No limite, diz, a tese ``leva à conclusão de que também o Banco do Brasil deve ser vendido". E por que não?

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